Com crescimento econômico estagnado, aumento de demissões na indústria e inflação com tendência de alta, a crise trouxe impactos negativos também para o círculo educacional. Muitos jovens que, com a garantia dos pais, apenas estudavam, agora estão buscando espaço no mercado de trabalho por causa da queda no orçamento familiar. Para atrapalhar ainda, o Fies (Fundo de Investimento Estudantil) não abraçou o universo estudantil como em anos anteriores, o que fez com que muitos alunos abandonassem a universidade por não ter condições de arcar com as mensalidades.
Em maio deste ano, o número de chefes de família responsáveis pelo sustento do domicílio que estavam desempregados subiu 54% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Pesquisa Mensal do Emprego (PME), elevando para 6,7% a taxa de desemprego de todas as faixas etárias – no ano anterior era 4,9%.
É uma situação que prejudica demais os jovens que se dedicavam somente aos estudos e agora estão em busca do mercado de trabalho sem a qualificação necessária. Um dos antídotos para o momento econômico que vivemos é a qualificação de talentos por meio do estágio e da aprendizagem. As empresas que abrirem suas portas aos jovens estarão treinando seus futuros quadros para assumirem postos importantes no futuro.
Já o estagiário ou aprendiz, além de se capacitar tecnicamente, tem a oportunidade de aumentar a renda para continuar a financiar seus estudos e até mesmo ajudar no orçamento familiar. No momento de crise, os profissionais precisam mostrar ousadia e criatividade; e investir em estágio e aprendizagem é uma forma de não se acomodar com a crise, mas, sim, pensar lá na frente.
O Aprendiz Legal, programa do CIEE em parceria com a Fundação Roberto Marinho, abre a oportunidade de formação profissional para jovens de 14 a 24 anos, em vários campos de atuação. Já o estágio confere, aos maiores de 16 anos, a chance de entrar para o mercado de trabalho via capacitação prática em empresas e órgãos públicos.
* Luiz Gonzaga Bertelli é presidente do Conselho de Administração do CIEE/SP, do Conselho Diretor do CIEE NACIONAL e da Academia Paulista de História – APH.