Em meio à pandemia mundial que tem dificultado a realização de eventos de maior expressão, o fundador e CEO da XP Inc. Guilherme Benchimol recebeu nesta semana virtualmente o Prêmio Brazil-Florida Business, em reconhecimento “a sua liderança exemplar e extraordinária visão estratégica corporativa e contribuições ao desenvolvimento social e economia sustentável”.
A distinção é concedida anualmente há seis anos pelo Brazil-Florida Business Council, Inc., organização sediada em Tampa, Estados Unidos, voltada à promoção de negócios internacionais. O evento teve participação on-line de lideranças e executivos do Brasil dos Estados Unidos e também de países europeus.
“Guilherme Benchimol é fundador da XP Inc. e iniciou uma revolução no mercado financeiro e uma das mais bem-sucedidas e inspiradoras histórias de vida e de empreendedorismo no Brasil. O prêmio é concedido aos empresários e empresas que estejam contribuindo para o desenvolvimento econômico do País e que tenha preocupação com a sociedade como um todo”, justificou Sueli Bonaparte, presidente do Brazil-Florida Business Council, Inc.
Início
O homenageado em seu pronunciamento agradeceu a todos e narrou como foi sua carreira e desafios ao longo do tempo. Lembrou a importância de outros profissionais que o ajudaram seu negócio a crescer. “Sou o que aparece mais e apenas quem começou a empresa, porém tem muita gente que ajudou muito. O segredo foi montar um time com pessoas que fazem melhor do que você”, observou. “Jamais imaginaria receber um prêmio desse”, prosseguiu.
Benchimol foi eleito uma das 50 pessoas mais influentes do mundo pela agência de notícias Bloomberg e começou sua empresa com 24 anos de idade, há quase 20 anos, e disse que sua história é uma das mais impossíveis de todas. Ele começou a empresa porque foi demitido do emprego anterior. Não imaginava se tornar um empreendedor.
Filho de médico e artista plástica, o sonho do seu pai era que fosse da mesma profissão, mas seu ideal era ser tenista e acabou estudando Economia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Já no mercado de trabalho, posteriormente, a corretora de valores em que atuava precisou cortar despesas e ele foi desligado. “Alguns dias antes, disse a meu pai que estava preocupado, porque a empresa estava em dificuldades e talvez fosse mandado embora. Ele me disse: fique tranquilo, porque bons executivos nunca são mandados embora”, lembra ele.
Contudo, quando o jovem chegou em casa demitido foi uma tristeza dupla, isto é, consigo mesmo e também com seu pai. Decidiu, então, sair do Rio de Janeiro e foi morar em Porto Alegre. Desta forma, resolveu empreender, porque não queria sentir esse tipo de dor novamente e precisava montar seu próprio negócio. “Demitido nunca mais”, argumentou.
Ele encontrou um sócio gaúcho e assim começou a XP. Na época tinha R$ 10 mil de reserva. Alugou uma salinha, contratou dois estagiários, e deu início ao negócio. Sem qualquer apoio, descapitalizado, pouca experiência o dinheiro foi acabando aos poucos. Por isso, precisou até vender seu carro. Um ano depois de dar início à empresa, em sua casa, estava sentado diante da escrivaninha começando a redigir seu currículo novamente. “Caramba, mais um fracasso na minha vida. Vou ter que voltar a morar com meu pai. Ele falou que deveria ser médico, deveria empreender ou fazer MBA. Não fiz nada disso e estou quebrado agora”, conta ele.
Na semana seguinte, teve a ideia de lançar um curso que ensinava as pessoas a investir em ações. Era sua última chance de virar uma empresa sólida. Publicou um anúncio no jornal Zero Hora, o maior do Rio Grande do Sul, e o curso proposto era: Aprenda a investir na bolsa de valores. O prédio onde ficava a sala comercial tinha direito ao uso de um salão de festas no térreo e não havia custo para usá-lo, bastava a limpeza após sua utilização. Era, portanto, um bom local para o treinamento.
No fim de semana, apareceram 30 alunos interessados, que pagaram R$ 300 cada. Naquele final de semana arrecadou R$ 9 mil de receita. Todos que assistiram ao curso gostaram tanto da aula que depois abriram conta com a própria corretora. O saldo final foram 30 contas abertas. “Achei que tinha ficado rico naquele momento. Nunca tinha visto tanto dinheiro na vida”, divertiu-se ele, com o relato.
A conclusão dele era a de que se quisesse construir uma empresa que desejasse transformar o mercado financeiro e melhorar a vida das pessoas o caminho não era convencer as pessoas a investir com ele, mas convencer as pessoas a aprender com ele. “A consequência era que os alunos iriam se transformar em cliente leais”, constatou. E assim foi o duro começo da XP Inc.
Inspiração
Segundo Sueli Bonaparte, o agraciado foi quem lhe inspirou a realizar o evento virtualmente durante a pandemia, por causa de uma entrevista em que havia dito: “não existe treinamento para situações como essa que estamos vivendo. Acho que precisamos aprender a nos adaptar e agir rápido”. Disse a empreendedora que apesar dos entraves foi o ano mais ativo da história de sua organização. Sueli expôs que nem a pandemia a impediu de alcançar as metas estabelecidas para 2020.
“Numa crise global sem precedentes, que está afetando todos os países, mais do que nunca a criatividade, resiliência e inovação são instrumentos essenciais para ser utilizados nesse momento de recessão no Brasil”, analisou. “Mas não são todas as empresas que estão sendo capitaneadas por líderes visionários como você Guilherme Benchimol, que acredita que a crise e desafios podem torná-los vencedores depois dela, porque vai passar um dia”, complementou.
Em suas saudações de boas-vindas o embaixador João Mendes Pereira, cônsul-geral do Brasil em Miami e presidente honorário do Conselho Consultivo do Brazil-Florida Business Council, declarou: “A eclosão da pandemia acarretou um desligamento da casa de máquinas da economia mundial. Apesar dessa situação inusitada, empresários como o nosso homenageado Guilherme Benchimol não desistiram de trabalhar, de acreditar ser possível superar as dificuldades e apostar no futuro. Esse é o grande exemplo dado pela XP Inc., marca que tem encontrado ressonância também aqui nos Estados Unidos, particularmente na Flórida, praça indispensável para os investimentos no mercado de capitais mundial”.