Home Empreendedorismo Por que os varejistas não conseguem trabalhar com os dados que possuem?

Por que os varejistas não conseguem trabalhar com os dados que possuem?

por Carlos Augusto Queiroz

Não adianta que seja um negócio on-line ou off-line, hoje é imprescindível contar com apoio de dados em diferentes processos para tomar as melhores decisões para a empresa. A era do “achismo” e do feeling já passou, embora muitas áreas ainda ignorem o poder das diferentes informações que são obtidas pelo sistema, no dia a dia da companhia. No cenário brasileiro, o varejo exemplifica essa situação, por mais que tenham à disposição inúmeras referências sobre seus consumidores, são poucos os que conseguem extrair inteligência e rentabilizar da própria operação.

É uma realidade comprovada pela pesquisa Desafios do Varejo, feita em conjunto pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPB Brasil) e pelo Sebrae. Ainda que seis em cada dez varejistas brasileiros se considerem inovadores, eles seguem adotando técnicas obsoletas no dia a dia da gestão. Quase dois terços deles (65%) orientam-se pela intuição e experiência profissional, enquanto 61% observam a concorrência.

Os dados revelam uma realidade preocupante que, por mais que o varejo busque conhecer as principais tendências tecnológicas para o setor, o fato é que os lojistas encontram uma série de dificuldades para lidar com o volume cada vez maior de dados existentes em seus negócios. Hoje, a gestão do setor engloba dados de transações financeiras, desempenho de campanhas de marketing, estoque, logística, precificação, fluxo de visitantes, entre outras.

Imagine a visão que eles teriam se conseguisse cruzar e analisar todas essas informações de forma rápida?
Existem dois fatores principais impedindo que isso aconteça atualmente, o primeiro deles é cultural, pois como relatado pela pesquisa, a grande maioria dos profissionais confia em sua própria experiência de vida e em seu feeling para tomar as decisões. Em um cenário de intensa competitividade e evolução tecnológica, essa tática pode levar a erros de julgamento que inviabilizam o negócio. Não significa, evidentemente, que não se deve valorizar a trajetória de vida dos gestores, mas que ela precisa estar acompanhada com o que há de mais moderno e inovador nos setores em que atuam.

A segunda barreira consiste na própria adoção da tecnologia, em que os empresários estão começando a abrir seus olhos para soluções que conseguem otimizar e agilizar processos internos e, assim, os softwares como serviço (SaaS, na sigla inglesa) estão começando a ocupar posições de destaque dentro do varejo. Entretanto, esse crescimento ainda é desordenado, pois, as lojas estão adotando sistemas que resolvem situações específicas, mas que não conseguem “conversar” entre si, fazendo com que, as plataformas de integração sejam ferramentas primordiais para o sucesso de qualquer negócio.

Na era da Internet e da transformação digital, os dados são o ativo mais importante que uma empresa pode ter. Saber trabalhar com eles, portanto, deixa de ser um diferencial estratégico para se tornar uma questão de sobrevivência. Dada a quantidade crescente de informações que os sistemas oferecem todos os dias, é necessário garantir que elas estejam alinhadas e conectadas para, no fim, entregar a inteligência que o gestor precisa para fazer seu varejo crescer.

*Diogo Lupinari é CEO e cofundador da Wevo, empresa especializada em integração de sistemas e dados – [email protected]

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