O ano de 2020 foi desafiador para todo mundo com o impacto causado pela Covid-19, segundo Jessica Roldão Antoniazzi, engenheira de energia, que entre os vários segmentos economicamente afetados pela pandemia inclui o setor de energia. “A crise sanitária trouxe drásticas consequências para o crescimento global das demandas energéticas, mas diferentemente de outros mercados, o campo de energias renováveis vem mostrando resiliência à crise, especialmente no que diz respeito ao uso de tecnologias para geração de energia elétrica.”
De acordo com análise de dados feita pela International Energy Agency (IEA), até meados de abril de 2020 a diminuição da demanda de energia em países durante confinamento total foi de, em média, 25% e em países que experienciaram confinamento parcial a queda foi de 18% em relação a níveis normais de consumo. “Durante o isolamento social, várias indústrias e comércios precisaram interromper as atividades, o que gerou uma desaceleração econômica e, como consequência, o consumo de energia caiu em todo o mundo.”
Jessica aponta o mercado de combustíveis fósseis como um dos que, no setor energético, mais vem sendo impactado com a queda na demanda. A IEA reforça esta afirmação quando declara que as reduções na mobilidade e na aviação representam 60% da demanda global por petróleo e têm contribuído para uma das maiores quedas da demanda deste insumo nos últimos anos, tendo, como consequência, a perda de significativo valor das indústrias que atuam no mercado de combustíveis fósseis.
“Em contraste com este mercado, durante a pandemia, especificamente em outubro de 2020, o valor das ações de empresas solares em todo o mundo mais que dobrou em relação a dezembro de 2018”. E, segundo a IEA, a previsão é que ao final de 2020 se comprove um aumento de quase 7% no uso de energias renováveis para a geração de eletricidade.
Para a engenheira, as expectativas são que o setor de energia que emerge desta crise seja significativamente diferente do que existia antes. “Os investidores vêm cada vez mais demonstrando interesse no mercado de energias renováveis, como apontam estudos realizados pela BloombergNEF (BNEF), mostrando que no ano de 2019 os investimentos no setor de renováveis foram de 282,2 bilhões de dólares.”
Para encerrar, Jessica acredita que, apesar das incertezas econômicas, espera-se que o crescimento neste segmento seja cada vez mais expressivo para os próximos anos. “Este cenário vem sendo construído graças à redução de custos, ao apoio mundial às políticas de desenvolvimento sustentável e às necessidades de desenvolvimento de negócios e finanças a curto e médio prazo”, finaliza.