A crise provocada pelo coronavírus trouxe incertezas tanto no aspecto social quanto no econômico. O avanço da doença no território brasileiro exige medidas rápidas de saúde pública, ao mesmo tempo que o Governo Federal busca alternativas para que o impacto na economia seja o menor possível. Enquanto isso, investidores ficam em uma encruzilhada: interrompem os investimentos à espera de uma possível resolução ou aproveitam para procurar boas oportunidades de negócio? Hoje, apesar do cenário problemático, a segunda opção surge como uma boa alternativa.
É inegável que a pandemia trouxe uma volatilidade muito grande ao mercado financeiro como um todo. Apenas em março, quando a COVID-19 avançou em todo o mundo e teve início a quarentena no Brasil, a bolsa de valores acumulou queda de 29,9% – nos três primeiros meses de 2020, a desvalorização é de 36,88%.
Esse é apenas um exemplo de classe de ativo que impactou negativamente os investimentos de muitos brasileiros, sem dúvida, mas representa apenas um lado da moeda. Tempos de turbulência como o que se vive geram riscos, mas também geram grandes oportunidades. O impacto do coronavírus na economia mundial, por exemplo, também reflete no preço dos ativos financeiros – têm uma grande queda no valor e ficam mais atrativos aos investidores – com uma assimetria mais favorável, menos downside (espaço para cair) e um maior upside (espaço para subir). Além disso, combinado com a queda da taxa de juros, torna-se um cenário melhor para quem busca investimentos mais arrojados, com maiores riscos, evidentemente, mas também com um maior potencial de retorno.
Mas nunca deve-se concentrar grande parte do patrimônio em apenas uma classe de ativo, a diversificação entre várias classes de ativos é muito importante para reduzir os riscos. Tenha sempre uma reserva de emergência em investimentos conservadores e com resgate diário, como um fundo DI renda fixa simples, que investe apenas em títulos Tesouro Selic, para cobrir necessidades de curto prazo e também aproveitar oportunidades que apareçam.
Pode-se comprar ações aos poucos e, caso o mercado caia mais, e tenha recursos para aumentar a posição. E tenha um horizonte de longo prazo, não invista em ações um dinheiro que possa precisar no curto prazo. Tenha estômago e paciência, pois haverá muita volatilidade no meio da caminho e pode cair mais antes de começar a subir. É impossível acertar o timing perfeito.
Um levantamento realizado em março de 2020, com a base de usuários do aplicativo Fliper, que consolida investimentos de bancos e corretoras de forma automática, com mais de 60 mil contas de investimentos, mostra justamente a tendência dos investidores em aproveitar a crise para encontrar ofertas mais vantajosas para os investimentos. No ranking total de aplicações, ainda que a primeira posição seja ocupada por um ativo de renda fixa (Tesouro Selic 2025) – geralmente utilizado como reserva de emergência – as duas posições subsequentes são de renda variável. A ação ITSA4 (Itaúsa PN N1) da Bolsa de valores ocupa a segunda colocação, e o fundo de ações Alaska Black completam o “pódio” dos preferidos dos brasileiros.
Também houve um levantamento do ranking de ativos de quatro categorias de renda variável que chamam a atenção dos investidores brasileiros. Entre as ações, além da ITSA4, os usuários também buscaram ações da PETR4 (Petrobras PN N2) e da VVAR3 (Via Varejo ON NM). No ranking de fundos de ações, além do Alaska Black, os destaques ficam para Equitas Selection e Brasil Capital 30. Já entre os fundos multimercados, as três primeiras posições são de Bahia Marau, Kapitalo Kappa e Gripen (SPX Nimitz). Por fim, no ranking dos fundos imobiliários, VISC11 (Vinci Shopping Centers) ocupa a primeira posição na preferência, seguido por XPML11 (XP Malls) e HGLG11 (CSHG Logística).
Os ativos listados são apenas alguns exemplos de investimentos realizados pelos brasileiros atualmente e tem apenas cunho informativo, não se tratam de recomendações de investimentos. Ações, fundos imobiliários e multimercados envolvem ativos de renda variável e possuem risco. Conte com a ajuda de um consultor para tomar melhores decisões de acordo com o perfil e objetivos.
É uma situação atípica que requer atenção, claro, mas que também pode representar uma boa oportunidade para rentabilizar o dinheiro. Basta ter planejamento, cuidado e estratégia. Dessa forma, em vez de lamentar os efeitos da crise, pode ser o primeiro passo para ajustar a carteira de investimentos e colher os frutos depois que passar a tempestade.
*Walter Poladian é planejador financeiro e sócio-fundador do Fliper, plataforma de consolidação de investimentos de bancos e corretoras – [email protected]