Condições extremas de calor estão afetando cada vez mais a saúde humana e os sistemas de saúde, com impactos maiores onde há populações em envelhecimento, urbanização, efeitos de ilhas de calor urbano e desigualdade social. “Em 2018, ocorreu um recorde de mais 220 milhões de exposições a ondas de calor por pessoas vulneráveis acima de 65 anos, em comparação com a média da linha de base de 1986-2005”, relata Vininha F. Carvalho, economista e editora da Revista Ecotour News & Negócios (www.revistaecotour.news).
De acordo com Robert McDonald, cientista da The Nature Conservancy e coautor do relatório realizado pela organização, afirma que trazer a natureza de volta para as cidades é uma estratégia para se melhorar a saúde pública. Segundo ele, as árvores e os parques não deveriam mais ser vistos apenas como riqueza, mas sim como a solução para a melhoria da saúde pública.
A variabilidade climática e os eventos climáticos extremos estão entre os principais fatores do recente aumento da fome global e uma das principais causas de crises graves. Com um clima cada vez mais quente, as correntes oceânicas e os ventos são alterados, promovendo mudanças significativas nos ciclos ecológicos (o ciclo da água, do carbono, do oxigênio e do nitrogênio).
Grandes áreas do Ártico estavam excepcionalmente quentes em 2019. A maioria das áreas terrestres está mais quente que a média, incluindo América do Sul, Europa, África, Ásia e Oceania. “O estado americano do Alasca também esteve excepcionalmente quente. Em contraste, uma grande área da América do Norte tem sido mais fria que a média recente. O desmatamento altera o regime de temperatura”, salienta Vininha F. Carvalho.
As condições de seca afetaram muitas partes da América Central. Foi principalmente mais seco do que o normal em Honduras, Guatemala, Nicarágua e El Salvador, até fortes chuvas em outubro. O Chile central também teve um ano excepcionalmente seco em 2019. Desmatamento e clima estão intimamente conectados.
Para Allan Pscheidt, coordenador do curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário FMU, a devastação é um dos principais motivos para o que está acontecendo. “O desmatamento e a baixa diversidade das plantações e pastagens favorecem o comportamento de espécies destrutivas, como podemos ver no caso dos gafanhotos, que ao migrarem para um novo local, em busca de nutrientes e parceiros sexuais, devoram grandes áreas de plantações e pastagens”.
O especialista explica que esse desequilíbrio ambiental causa redução na população de predadores e aumento na população de gafanhotos. “Com a escassez de alimentos em um ambiente, migram para outro, deixando um rastro de destruição e prejuízos para a economia. Ao se reproduzirem, cerca de 100 ovos são colocados e em 10 dias originam ninfas com mandíbulas fortes”.
As mudanças nas condições climáticas estão facilitando a transmissão do vírus da dengue pela espécie de mosquito Aedes, aumentando o risco de ocorrência de doença. Em 2019, o mundo sofreu um grande aumento nos casos de dengue, em comparação com o mesmo período de 2018.
Zoólogos e infectologistas indicam que mudanças no comportamento humano, destruição de habitats naturais somado ao rápido movimento de pessoas no planeta, facilitou a transmissão de doenças antes circunscritas à natureza distante, dando origem à pandemia de Covid-19.
A desaceleração da economia trazida pela pandemia fez regredir rapidamente a poluição do ar, a concentração de dióxido de carbono, a redução do ruído e uma melhoria na qualidade de vida no planeta. “A mudança nos hábitos de consumo, a redução no uso de combustíveis fósseis e uma nova dinâmica na produção de bens e serviços pode produzir resultados duradouros e benéficos para a humanidade e, melhor ainda, para a natureza”, conclui Vininha F. Carvalho.
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