“Biocombustíveis e digitalização são as novas fronteiras para a agricultura 4.0 ”, diz presidente mundial da New Holland
Tratores a biometano, colheitadeiras, semeadeiras, irrigadores conectados e estrutura de conexão são realidaes próximas para a agricultura 4.0
Com tratores movidos a biometano sendo testados mundo afora, a multinacional pretende estimular a substituição do uso de combustíveis fósseis – mesmo que em nichos de mercado
Trator movido a biometano é alternativa a máquinas a dieselTrator movido a biometano é alternativa a máquinas a diesel
Máquinas e serviços mais conectados no campoMáquinas e serviços mais conectados no campo
“A inteligência artificial está cada vez mais em nossas fábricas.”
Diz o Sr. presidente da AGCO”A inteligência artificial está cada vez mais em nossas fábricas” diz presidente da AGCO
Executivo Carlo Lambro ressalta que os avanços precisam ser rápidos em inovação e nas novas plataformas
Há cinco anos no comando mundial da New Holland Agriculture, fabricante de máquinas e equipamentos agrícolas, o italiano Carlo Lambro tem metas claras quando o assunto é uso de biocombustíveis e avanços tecnológicos.
A evolução da máquina tradicional, com mais digitalização e uso de sistemas de precisão, é uma tendência cada vez mais real. Em duas ou três décadas, será a vez dos equipamentos autônomos e robôs.
Com tratores movidos a biometano sendo testados mundo afora, a multinacional pretende estimular a substituição do uso de combustíveis fósseis – mesmo que em nichos de mercado.
Nesse contexto, a América Latina, que responde por quase 18% do faturamento global da marca, terá papel fundamental.
Em visita ao Brasil em novembro, para participar de convenção de concessionários em Florianópolis (SC), Lambro falou com exclusividade à reportagem.
Como a New Holland trabalha com a tendência de menos ferro e mais inteligência nas máquinas agrícolas?
A agricultura 4.0, com a digitalização dos processos, é a nova fronteira, aliada ao conceito de sustentabilidade.
Vamos seguir em duas direções.
A primeira são os biocombustíveis.
Há mais de 10 anos, começamos a desenvolver trator movido a biometano e já estamos na terceira geração.
Também desenvolvemos o trator a hidrogênio.
A segunda direção é a digitalização, com a análise dos dados, o chamado Big Data.
Recentemente, firmamos acordo com a Climate Corporation, com a Microsoft e com a Farmers Edge.
E não vamos parar aí.
Nessa área de inovação e novas plataformas, a velocidade dos avanços precisa ser muito rápida.
Se falarmos de um futuro próximo, teremos a evolução da máquina tradicional, com mais digitalização e uso de sistemas de precisão, ainda com preponderância do operador e da automação.
Carlo Lambro
Presidente mundial da New Holland Agriculture
A intenção é substituir máquinas movidas a combustíveis fósseis por biocombustíveis?
Temos uma meta clara.
Mais de 90% dos motores de nossos produtos em todos os ramos de atuação do grupo CNH são de fabricação própria.
Há cinco anos, passamos a vender tratores com motores a biometano.
Temos um prazo de industrialização não tão longe, em um horizonte máximo de quatro a cinco anos.
Já são mais de 10 tratores sendo testados em várias partes do mundo.
A vantagem é a máquina gerar tração com metano ou biometano sem emissão de gás carbônico.
A autonomia dos tratores a biometano é um limitador?
Sim, o limitador é a autonomia de trabalho do trator, de cinco a seis horas, por causa do tamanho do tanque de gás.
Estamos buscando outras soluções para comprimir o metano, que é gasoso.
Qual o potencial de mercado dos tratores movidos a biometano?
Estimamos chegar a, no máximo, mil tratores. A projeção é baseada nas regiões onde há presença do biodigestor.
É um mercado a ser criado, com potencial enorme. Além disso, o preço do trator biometano é muito semelhante ao do convencional.
Em 20 ou 30 anos, teremos muito mais máquinas autônomas e robôs fazendo diretamente o trabalho no campo.
O Executivo Carlo
As dificuldades de conexão
Como enfrentar a falta de sinal de internet no campo?
Ainda há dificuldades na transmissão de dados no Brasil, que precisa ser superada com investimentos em infraestrutura de telecomunicações.
É um caminho sem retorno.
As companhias precisam investir.
E a digitalização não é só tendência no meio agrícola, é em todos os setores.
Em quanto tempo as máquinas decidirão pelo produtor?
Já apresentamos tecnologia desta natureza há dois anos, a engine driver, um trator standard que trabalha sem operador.
Temos algumas experiências em produções de uva, onde o campo é plano, em Napa Valley, na Califórnia. Neste momento, estamos focando em afinar a tecnologia à espera da regulamentação.
Máquinas do futuro
O que irá caracterizar as máquinas do futuro?
No futuro próximo, teremos a evolução da máquina tradicional, com mais digitalização e uso de sistemas de precisão.
Em 20 ou 30 anos, teremos muito mais máquinas autônomas e robôs fazendo diretamente o trabalho no campo.
Créditos: Alexandre Maciel / Divulgação/New Holland