O empreendedorismo é algo que está na veia do ser humano e um dia resolve se manifestar com tanta intensidade, que não tem como a pessoa voltar para trás, mesmo com obstáculos e adversidades típicas de um país como o Brasil.
Até aí, todos que possuem essa essência concordam comigo. Mas, imagine alguém que se envereda pelo mercado da fantasia. Quando comento com as pessoas em qual ramo atuo, elas se espantam e não têm a dimensão do quanto ele se destaca dentro da nossa economia.
Aliás, foi isso que me fez ter noção do quanto esse segmento poderia ser valioso no futuro. A história começou há alguns anos, quando estava no ramo de vendas e resolvi abrir uma empresa para comprar artigos religiosos e exportar para países da América Latina. Cheguei a conquistar clientes em mais de 30 países, mas com a queda do dólar e a entrada forte da China no mercado, precisei repensar minha vida.
E é justamente aí que está a graça de ser empreendedor. É saber quando e como mudar, para não se deixar vencer pelas agruras econômicas ou políticas. Mas para a mudança, é preciso estar de olhos abertos e captar as oportunidades que o mercado traz. E foi isso o que aconteceu comigo, naquela fase. Estava planejando meu casamento e eu e minha noiva percebemos a ausência de negócios que ofereciam fantasias e artigos para festas no interior de São Paulo, o que obrigava as pessoas a irem à região da rua 25 de março, na capital. De olho nisso, resolvemos abrir uma loja em Campinas, que logo chamou a atenção de empresários, que se interessaram em abrir franquias e espalhar o negócio pelo Brasil.
Aos poucos, fomos aprendendo sobre o mercado e entendendo o que as pessoas precisavam. Até porque, ser empreendedor não é apenas abrir um negócio e esperar o cliente bater na porta e comprar. É um estilo de vida e é algo que vive latente na pessoa 24 horas por dia.
Passamos a entender o comportamento dos nossos clientes, ou seja, o que buscavam, quando, de que forma, e trabalhamos focados nisso. No ramo de festas, temos a questão da sazonalidade, então tivemos que diversificar os produtos para as vendas acontecerem durante todo o ano.
Abrimos o nosso leque e vimos que algumas áreas são muito importantes na economia brasileira, como casamentos. É um mercado que tem uma expectativa de faturamento de R$ 16 bilhões neste ano, um aumento de 8% em relação a 2012, de acordo com os organizadores da Expo Noivas & Festas, um dos eventos mais relevantes da área.
Isso sem contar no público infantil, que tem à disposição uma diversidade enorme de temas e personagens. Dessa forma, temos que estar sempre antenados com a realidade desse público e buscar novidades e tendências fora do Brasil. Como trabalhamos com momentos mágicos, eles precisam ter essa aura de alegria e diversão, e é isso o que o empresário que trabalha na área deve buscar.
Sempre digo aos franqueados que não basta abrir uma loja, é preciso viver no mundo da fantasia e da festa, claro que num sentido figurado, mas entender o que as pessoas buscam quando entram em um estabelecimento desse tipo.
Além disso, é fundamental entender o comportamento e perfil de compra, principalmente quando você empreende nos dois mundos: físico e virtual, como é meu caso. Diante disso, os desafios são ainda maiores, mas compensam quando vemos o sonho cada vez mais concreto.
Tanto que sempre investimos em tecnologia e logística e, por isso, temos um centro de distribuição com mais de três mil metros quadrados em Campinas, o que possibilita a entrega dos produtos com rapidez em todo o país.
O desafio agora é encarar 2014, ano de eleições e Copa do Mundo, com otimismo e já de olho nos possíveis gargalos que surgirão. Mas, principalmente, é ficar atento às oportunidades que vão aparecer e que movimentarão o mercado, tornando o mundo da fantasia cada vez mais atrativo.
* Gustavo Lucas é sócio e diretor da Animafest, maior rede de fantasias e artigos para festas do Brasil