Por Felipe Mello, diretor da TOTVS Consulting
Com o cenário político e econômico brasileiro prejudicado, as empresas têm se dedicado, desde o início de 2015, a reduzir os seus custos. Muitas têm obtido sucesso com as reduções incrementais – aquelas economias geradas no dia a dia administrativo, como renegociações de contratos com fornecedores, por exemplo –, mas ainda há um outro tipo de economia que deve ser colocado em pauta em tempos como esse: é a redução de custos estrutural.
Trata-se de um olhar mais profundo e estratégico da operação da empresa, que avalia desde o portfólio dos produtos até a sua localização. Será que os produtos oferecidos estão dando lucro? São demandados de forma igual pelo mercado? Será que a localização é a mais estratégica, sob o ponto de vista financeiro? Esses e outros pontos são cuidadosamente estudados na revisão estrutural da companhia.
Para atingir resultados efetivos e duradouros, a recomendação é adotar as duas reduções de forma conjunta, já que uma modifica o modelo de negócio, enquanto que a outra é super necessária para o controle do dia a dia organizacional.
Ao adotá-las, é possível atingir uma redução de gastos de até 30% e ainda colher benefícios indiretos, como melhoria nos processos de gestão e uma mudança cultural na empresa, injetando nos funcionários o sentimento de dono. Esse modelo também permite fazer análises sobre os resultados que ainda estão por vir e não somente daqueles que já foram alcançados, o que gera maior assertividade na estratégica.
Outro ponto importante na trajetória à redução de custos é a revisão orçamentária. Não apenas no início ou meio do ano, mas com periodicidade bi ou trimestral. A atual instabilidade econômica exige um acompanhamento mais próximo do budget da companhia para que mudanças de rota possam ser feitas com agilidade.
Desdobrar o orçamento do último nível gerencial até o centro de custos, bem como estabelecer premissas e metas claras é essencial para garantir transparência entre os colaboradores e garantia de que ele será cumprido. Nessa etapa em que o orçamento é disseminado para toda a empresa, o uso de ferramentas de controle é fundamental, pois elas consolidam os dados de forma automática e conferem precisão às informações. Além disso, dão visibilidade ao que está acontecendo por meio de dashboards, permitindo identificar questões críticas ou que podem ser aprimoradas.
Esses modelos de gestão certamente trarão benefícios a todas as organizações, mas naquelas em que a cultura de controle de custos já estiver instaurada, provavelmente coletarão resultados maiores. Para elas, o desafio estará em analisar frequentemente os dados em busca de oportunidades de melhoria e, quanto mais assertivo for o planejamento e suas revisões, menor será o impacto frente às mudanças externas.
Mais do que garantir solidez para ultrapassar as turbulências do mercado, essas ações irão alavancar ganhos de competitividade e adequação do orçamento de forma ágil às mudanças do mercado, garantindo, assim, a sustentabilidade do negócio a longo prazo.