O poder das mídias sociais e suas consequências no mundo real foram, mais uma vez, alvo de discussão. A visita da jornalista e blogueira Yoani Sánchez e a página no Facebook da estudante Isadora Faber, de apenas 13 anos,
multiplicaram os questionamentos quanto à liberdade de expressão e a democracia brasileira.
Segundo nossa Constituição, “é livre a manifestação do pensamento, exceto por anonimato”, e “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, sendo vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”. Infelizmente, o que temos comprovado com a repercussão dos casos citados é que, falando de Brasil, o povo não está preparado para entender e praticar a
verdadeira democracia.
Valendo-se de dois fortes veículos de mídias sociais (blog e Facebook), uma cubana e uma brasileira estão expondo as mazelas de seus países e, de fato, colocando o poder da comunicação e da denúncia nas mãos de pessoas comuns, cidadãos cuja voz estava há muito tempo rouca. Entretanto, por nadarem contra a maré das frases feitas e belas fotos de viagens e festas, presenciamos uma forte onda de protestos, não contra os governos e suas
ineficiências, mas contra a coragem de pessoas que se dispõem a lutar por algo que favorecerá uma vida melhor a todos.
A discussão aberta certamente foi positiva, pois, segundo Yoani Sánchez, vivemos num país onde ela considera existir “liberdade democrática e pluralidade”. Acostumados a usar as mídias sociais apenas como entretenimento e pouca política, espera-se que o brasileiro, a partir destes eventos, inicie-se em questões cuja importância estenda-se para além da troca de mensagens rotineiras e curiosidades diversas.
Exemplos de sucesso como o site Reclame Aqui, em que consumidores registram suas queixas em relação a produtos e marcas, também tem ajudado a validar a importância do uso das redes sociais e internet como um verdadeiro canal de discussão e comunicação, além de consolidar a cidadania onde o poder é distribuído de maneira democrática.
Assim como a lei Carolina Dieckman, sancionada em 2012 afim de punir o crime eletrônico, foi “empurrada” para aprovação após o ocorrido com a atriz de mesmo nome, esperamos que os protestos que tentaram coibir o discurso pacífico de Yoani Sánchez contra a ditadura e a economia falida de Cuba sejam questionados e levem a uma maior conscientização política. Não podemos também considerar menos importante o trabalho da jovem Isadora Faber que denuncia em sua página no Facebook as péssimas condições da educação em nosso país.
Um eco positivo certamente já está contaminando os brasileiros: esta semana, convocados pelas mídias sociais, jovens de todo o país se reuniram em suas cidades para protestar contra Renan Calheiros. Pouco divulgado pelos veículos tradicionais de comunicação, o movimento parece ganhar força com as hashtags #socorroJoaquim e #STFJulgueRenan. Ganhando força política e social, as mídias sociais cumprem seu papel: enfim, começam a sair da rede para cair nas ruas.
Acácia Lima é jornalista e diretora da YellowA, agência especializada em
mídias sociais.
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