Um estudo realizado pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom) mostrou que as empresas brasileiras de tecnologia irão demandar, entre 2021 e 2025, um total de 797 mil talentos. O mesmo estudo, porém, evidenciou que o país forma apenas 53 mil profissionais da área por ano e que, para emparelhar a estimativa final, teria de alcançar a demanda média anual de 159 mil profissionais, ou seja, se continuar no ritmo em que está, quanto ao montante anual de formandos na área, o mercado de tecnologia terá um déficit de 530 mil profissionais durante o período de cinco anos.
No estudo, a Brasscom revelou, também, que os poucos mais de 230 mil profissionais que se formarão no país nesses cinco anos se referem, na verdade, à somatória dos cursos de tecnologia, ciências, engenharia e matemática, os quais, mediante análise de afinidade (grades curriculares comuns entre os cursos, que têm superposição com tecnologia) e inoculação tecnológica (que consiste na oferta de disciplinas que capacitem os alunos em tecnologias), são aproveitados para atuar diretamente com tecnologias da informação, comunicação e digitais, já que a taxa de evasão dos alunos de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação), precisamente, é de 32% ao ano.
Ainda de acordo com a Brasscom, uma solução para tentar acompanhar a demanda anual do mercado de tecnologia seria fortalecer a inoculação tecnológica nos cursos que têm afinidades com as habilidades necessárias para atuar no segmento, isto é, com a inserção de disciplinas eletivas de tecnologias em cursos como matemática e engenharia, ofertados em universidades e demais instituições de ensino espalhadas pelo país, seria possível aumentar a oferta de mão obra e, consequentemente,a empregabilidade no setor de TIC que, em 2020, foi responsável por 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) gerado no Brasil, o que corresponde a 154 bilhões de reais.
Diego Paraízo, consultor de tecnologia da Squad Premium, diz que a oferta de disciplinas eletivas para graduandos dos cursos que têm afinidade com a área de tecnologia seria, inclusive, uma alternativa para quem deseja atuar no segmento, mas que, pela inexistência do curso na instituição que escolheram estudar, na cidade ou estado em que residem, tiveram de optar por um outro. “Essa é uma das melhores estratégias para conseguir atender a demanda por profissionais de tecnologia: fomentar a educação e formação dentro e fora do campo acadêmico, trazendo dinâmica, disciplinas e laboratórios que ajudem os alunos a terem contato prático e real com o que irão ver no mercado de trabalho, a exemplo das Edtechs e ONGs de tecnologia”, afirma o consultor de tecnologia da Squad.
Ainda de acordo com Paraízo, o surgimento de vagas no mercado de tecnologia se deve ao desenvolvimento do setor no país, que estima crescer 14,3% este ano, de acordo com o estudo da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes). “O setor de tecnologia da informação tem sido um dos principais propulsores do nosso PIB, por isso, é preciso voltarmos as atenções ao meio, desenvolvendo e propondo soluções para resolvermos esse gargalo na demanda, visando formar com velocidade e qualidade nossos futuros desenvolvedores e consultores; contudo, com um déficit tão grande, não só o setor educacional, mas o poder público e o setor privado devem se envolver e colaborar com a missão de amenizar as consequências da escassez e começar a reverter esse quadro”
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