Diversos países do mundo estão vivendo um novo capítulo, passada a fase mais crítica da pandemia de Covid-19, que trouxe, entre outros fatores, a escassez de semicondutores necessários para diversos mercados. Neste momento de retomada econômica, os líderes globais estão divididos: 56% creem que a atual crise de chips perdurará até 2023, ao passo que 42% esperam que ela chegue ao fim já em 2022, conforme dados da 17ª edição anual da pesquisa “Perspectivas do setor global de semicondutores”.
Ainda de acordo com o levantamento, realizado pela KPMG em parceria com a GSA (Global Semiconductor Alliance) com 152 executivos da indústria de semicondutores, 95% dos líderes acreditam que o faturamento de suas empresas deve aumentar no próximo ano. Além disso, a confiança financeira e operacional dos entrevistados bate uma marca histórica: 34% dos executivos esperam um avanço acima de 20%.
Daniel Carvalho, diretor-comercial da Hi-Mix – empresa que atua com a fabricação de produtos eletrônicos -, observa que a escassez de semicondutores no mercado global tem afetado a produção de produtos eletrônicos no Brasil.
“A escassez se deve ao fato de que o país importa todos os componentes eletrônicos que compõem produtos como celulares e computadores, entre outros aparelhos, e manufatura o produto final fazendo integrações e montagem das placas eletrônicas”, explica.
O especialista destaca que a maioria dos produtos eletrônicos desenvolvidos no Brasil utilizam peças e partes importadas. “Não temos investimentos na área de fabricação de semicondutores e dependemos de fábricas de bilhões de dólares posicionadas na Ásia”.
Crise de semicondutores afetou o mundo
Segundo Carvalho, a crise de componentes trouxe à tona uma desglobalização em termos de localização das fábricas e um investimento na ordem de US$ 50 bilhões (R$ 255,47 bilhões) dos Estados Unidos para o estabelecimento de fábricas de semicondutores.
“Diversos fatores podem explicar a escassez de semicondutores vivenciada nos últimos dois anos, como questões de falta de matéria-prima como silício e de problemas com a logística, que se tornou escassa durante 2020, com a eclosão da pandemia de Covid-19”.
Além disso, o especialista destaca elementos como o consumo de todos os estoques de semicondutores, a questão do aumento de demanda global por tecnologia e a ampla adesão ao teletrabalho em todo o mundo, que estimulou a troca de celulares smartphones, computadores, televisores e eletrodomésticos.
“Os lockdowns nas fábricas, principalmente na Ásia, desempenharam um papel importante para a crise. Mais recentemente, a guerra na Ucrânia também agravou o quadro, já que o país é o maior produtor de gás neon utilizado no processo produtivo de um circuito integrado”, acrescenta. “Tudo isso, somado, gerou um gargalo na cadeia e hoje alguns fabricantes estão atendendo pedidos com, no mínimo, dois anos de prazo de entrega”, diz.
Empresas e governos buscam soluções para a crise
Na análise de Carvalho, a superação da crise de semicondutores é um assunto complexo, que envolve investimentos pesados e governos fazendo pressões em fabricantes para aumentar a capacidade. “Este cenário vem afetando o PIB (Produto Interno Bruto) de diversos países, sobretudo onde há exportações de carros elétricos, onde o crescimento de eletrônica embarcada tem sido exponencial com o avanço destas tecnologias”.
O diretor-comercial da Hi-Mix chama a atenção para o fato de que empresas de todo o mundo vêm trabalhando em novos designs em busca de alternativas com prazo de entrega menores. Além disso, os empreendimentos têm exercitado a criatividade, resiliência, transparência com os clientes, capacidade técnica e investimentos para continuarem fabricando produtos eletrônicos.
“Os próximos dois anos ainda serão desafiadores, mas alguns fabricantes demonstram sinais de melhorias. Seja como for, é essencial que países como Estados Unidos, China e Taiwan continuem investindo para levar os níveis de estoques globais de semicondutores a níveis desejáveis pela cadeia toda”, conclui.
Para mais informações, basta acessar: https://hi-mix.com.br/
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