As pessoas usam sua identidade digital (usuário e senha) todo o tempo: no trabalho, em casa e em todos os aplicativos, dispositivos e serviços com os quais interagem no dia a dia. No entanto, até agora, os dados pessoais não eram propriedade da pessoa, mas controlados e pertencentes a terceiros, uma empresa ou uma organização.
Agora, os usuários poderão ter o controle de suas permissões de uso de dados. Principalmente hoje quando o debate sobre a lei geral de proteção de dados (LGPD) e privacidade se aprofunda em todo o mundo. É possível utilizar um modelo de identidade baseado na tecnologia blockchain, em que os usuários têm o controle do gerenciamento de suas permissões de uso de dados, tornando-o mais seguro.
Desde fevereiro, um arquivo chamado de “COMB21” com 3,2 bilhões senhas de 2,18 bilhões de endereços de e-mails circula na internet (fonte: The Hacker News (THN)). A identidade descentralizada traz novos protocolos e criptografia para gerar confiabilidade às transações eletrônicas e coibir crimes comumente praticados no ambiente digital.
Identidade descentralizada se baseia na ideia de que a identidade digital pertence ao cidadão e, portanto, é ele quem decide a quem ou onde quer dar acesso aos seus dados por meio de credenciais verificáveis que cada um carrega em seu dispositivo móvel.
A identidade descentralizada funciona por meio de diferentes credenciais que pertencem ao usuário. Ao criar uma conta – seja de trabalho, acadêmica, etc. -, o usuário obtém uma credencial única que está associada ao conjunto de dados que fez parte do processo de cadastro e que é inserido no blockchain. Por meio da tecnologia, o usuário faz a varredura de uma ID e tira uma selfie para gerar credenciais verificáveis no aplicativo Microsoft Authenticator, que usará para provar sua identidade para diferentes organizações.
“A identidade digital descentralizada é mais segura porque fornece maior privacidade e controle sobre os dados pessoais. A vida de cada um de nós está cada vez mais ligada a aplicativos, dispositivos e serviços, o que nos torna sujeitos a violações de dados e perda de privacidade. Com a identidade digital descentralizada, os diferentes identificadores (como o nome de usuário) podem ser substituídos por outros identificadores com identidade própria, independentes, o que possibilita a troca de dados através do blockchain”, explica Sebastián Stranieri, CEO da VU, empresa de segurança cibernética no setor de provedores de soluções para verificação de identidade.
O sistema já está sendo testado pela Universidade Keio no Japão, pelo governo flamengo na Bélgica e pelo Serviço Nacional de Saúde (NHS) do Reino Unido. No Brasil, está prevista a implementação em uma destacada entidade educacional.
De acordo com o relatório da empresa de pesquisa e consultoria Forrester, intitulado Preparação para a Identidade digital descentralizada: SWOT de segurança, de 21 de janeiro de 2020, “A Identidade digital descentralizada não é apenas um jargão de tecnologia: ela promete uma reestruturação do atualmente centralizado ecossistema de identidade física e digital, para transformá-lo em uma arquitetura descentralizada e democrática.”
“Hoje em dia, nossa identidade digital está dividida em diversas plataformas: redes sociais, lojas de varejo, bancos, centros de saúde ou educacionais, etc. E isso às vezes representa um problema quando, por exemplo, perdemos um cartão de crédito durante uma viagem internacional, porque a entidade não possui uma forma rápida e simples para o usuário verificar nossa identidade”, conclui Sebastián Stranieri.