No dia 23 de novembro de 2021, a Brazil-Florida Business Council, Inc., organização sem fins lucrativos que fomenta o comércio bilateral e os fluxos de investimento entre o Brasil e a Flórida, realizou o webinar “Fórum de Inovação Brasil-Flórida Painel 1: A ascensão das tecnologias de saúde no Brasil: transformando o espaço digital de saúde”. O encontro online foi organizado pelo Comitê de Inovação e Tecnologia da Brazil-Florida, com o apoio da Duff & Phelps, uma empresa do grupo Kroll, membro patrocinador da BFBC.
Alexandre Pierantoni (Diretor Administrativo, Chefe de Finanças Corporativas do Brasil da Duff & Phelps – Kroll Business) foi o moderador do evento. As discussões contaram com as ponderações de: Guilherme Weigert (CEO & Cofundador da Conexa Saúde); Flávio Takaoka (Fundador e Presidente do Conselho da Takaoka Anestesia e Membro do Conselho Médico da Alice e Fin-X); Martin Nelzow (Fundador e CEO da RX PRO – Afya Digital HealthTech); Fabio Tabalipa (Sócio e Chefe de Inteligência Clínica da Memed) e Gustavo Araújo (Cofundador e CEO da Distrito).
Ao introduzir os debates, Sueli Bonaparte, presidente da Brazil-Florida, reforçou que o objetivo da organização é sempre reunir representantes de diversos setores para ouvir insights e tendências de investimento. A executiva também ressaltou a iniciativa da BFCB de iniciar a série “Brazil-Florida Innovation Forum”, que pretende selecionar determinados setores da economia brasileira de relevância e demonstrar as oportunidades oferecidas nesses segmentos.
Transformação Tecnológica da Saúde
De acordo com Alexandre Pierantoni, da Duff & Phelps, a pandemia do coronavírus provocou uma restruturação na área da saúde, antecipou de forma brusca demandas e acelerou transformações tecnológicas. Houve um recorde de captações para as startups de healthcare, com impulsionamento da verticalização de empresas, investimento em big data, plataformas, inteligência artificial e grande espaço para a iniciativa privada.
Para Gustavo Araújo, da Distrito, o setor é dominado por 30% de healthtechs, voltadas principalmente para prontuário eletrônico, plataformas de saúde e telemedicina. Trata-se do terceiro maior setor em tecnologia para saúde. “É um setor que vive uma década de crescimento, muito aquecido, estimulando interesse de fundos de investimentos e de entrada de capital”, afirmou.
Sobre a questão da regulação das healthtechs, um aspecto interessante, destacado por Guilherme Weigert, da Conexa Saúde, é que sempre há antes uma discussão sobre a relação com o usuário e usabilidade dos sistemas, depois vem a preocupação com a regulação. “Com a pandemia e a necessidade de atendimentos online, os aspectos relacionados à telemedicina foram melhor desenhados por conta da experiência e prática no âmbito digital que se ganhou nesse período. Foi possível cruzar bastante informações e entender o impacto do avanço da telemedicina no Brasil. Assim, observamos a disrupção sempre precedendo a regulamentação”, pontuou Guilherme.
Ainda sobre a questão da regulação das healthtechs, Fabio Tabalipa, da Memed, relatou que a empresa, que existe desde 2012, vivenciou bastante o momento em que ainda não se falava de HTs e, depois, a grande explosão dessas soluções inovadores. “Tenho visto um movimento favorável para a regulamentação da telemedicina, que há quase duas décadas não progredia. Também é preciso considerar as objeções de médicos, que não tinham o conhecimento tecnológico para fazer uso da ferramenta e se sentiam ameaçados, com medo de serem substituídos. No entanto, essas inteligências têm o propósito de facilitar a prática clínica e agora se desenha um panorama mais positivo para essa tecnologia”, detalhou Fabio.
O fundador e presidente da Takaoka Anestesia, Flávio Takaoka, registrou que a inovação veio para melhorar a experiência dos prestadores de serviços de saúde. “É preciso valorizar os benefícios da tecnologia para a relação e compromisso do médico com o paciente”, salientou.
Segundo Martin Nelzow, da RX PRO, é válida a preparação médica e o uso da inteligência artificial para a multiplicação de resultado nas startups do setor.
“O mercado de saúde é de R$ 1 trilhão. Envolve formadores, indústria farmacêutica, equipamentos, prestadores e serviços. É um sistema gigantesco, com profundas assimetrias. O ecossistema é grande porque tem muita ineficiência. São várias soluções conectadas entre si”, sinalizou Martin.
Com três anos e meio de existência, a RX PRO conecta a indústria farmacêutica diretamente com o médico. “Por ano, são mais de mil produtos novos lançados pela indústria farmacêutica, tornando impossível para o médico aprender sobre todos eles. Nós levamos essas informações para ele, ajudando no tratamento e adesão do paciente. Acompanhamos o médico em toda a sua jornada. E sabemos que pelo menos 300 mil não têm acesso à atualização”, contou o executivo. “Todos nós somos pacientes em algum momento de nossas vidas, tudo passa pelo médico, o que mostra a importância da experiência dele no cuidado das pessoas”, completou.
Investimentos
Gustavo frisou que hoje o mercado é diferente, os empreendedores têm vida mais fácil do que há cinco anos. “Faz um ano que a IPO é uma possibilidade para as startups, isso retroalimenta o setor. E temos visto um apetite muito grande das corporações para investir em startups de saúde”, reportou o CEO da Distrato. Questionados sobre os próximos passos para a tecnologia e digitalização da saúde, os palestrantes apontaram grande potencial e esperança de melhoria no cuidado com o paciente.