A fonte solar do Brasil já evitou a emissão de 23,6 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade, de acordo com a Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar), em um cenário em que a promoção de investimentos em infraestrutura de energia e em tecnologias de energia limpa está entre as metas estabelecidas pela ONU (Organização das Nações Unidas) para serem atingidas até 2030.
Nas palavras do secretário geral da ONU, António Guterres, é necessário acabar com a poluição por combustíveis fósseis e acelerar a transição para a energia renovável antes que o ser humano “incinere sua própria casa”.
Segundo a Absolar, o Brasil ultrapassou a marca histórica de 16 GW (GigaWatts) de potência instalada da fonte solar fotovoltaica. Os dados consideram os resultados das usinas de grande porte e os sistemas de geração própria de energia elétrica em telhados e fachadas, entre outros.
Para além do impacto ambiental, o balanço da entidade também mostra que o setor de energia solar já trouxe mais de R$ 86,2 bilhões em novos investimentos no país, além de R$ 22,8 bilhões em arrecadação aos cofres públicos, e gerou mais de 479,8 mil empregos acumulados desde 2012.
Telma Meneghette, diretora-executiva da Ecosolys Indústria e Distribuição S.A, chama a atenção para o fato de que a energia solar está ficando cada vez mais acessível, com investimentos cada vez maiores, bem como a adesão de novos consumidores. “Até pouco tempo, a energia solar era vista como algo apenas para ricos, e essa impressão vem mudando com o passar dos anos. Não apenas como um material que gera status, agora é uma tecnologia vista como investimento, e também uma forma de economia”.
Segundo Meneghette, os altos gastos com energia elétrica estão levando cada vez mais pessoas a buscar alternativas para gerar economia, e isso está fomentando cada vez mais a utilização da tecnologia no Brasil.
“Segundo o Balanço Energético Nacional, elaborado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) em 2022, a geração através da energia solar cresceu quase 1% de 2020 para 2021, assumindo 2,5% da matriz elétrica nacional”, reporta a especialista. “Além disso, o Brasil possui um grande potencial de geração de energia solar, sendo um país com várias características que favorecem uma eficiência alta de geração”, complementa.
Na visão de Meneghette, o aquecimento do setor de energia solar é resultado dos estímulos existentes, tanto para quem quer investir, como para quem quer adotar esse tipo de energia no país. “O Brasil possui uma geração de energia predominantemente advinda da geração hidráulica. Essa característica da matriz energética nacional faz com que sejamos um dos países com mais geração de energia renovável do mundo. Contudo, ao mesmo tempo, esse tipo de geração, em algum momento, tem seu crescimento barrado devido às grandes áreas de inundação e fatores climáticos”.
Meneghette observa que o Brasil está iniciando uma fase econômica em que o aumento da geração não consegue acompanhar o aumento da demanda, fazendo com que sejam necessárias fontes não renováveis como usinas térmicas – o que eleva o custo da geração e passa para o bolso do consumidor. “Além disso, anos seguidos de secas e temporadas de chuvas reduzidas no país reduzem a capacidade de geração das hidrelétricas, fazendo com que o governo tenha que aplicar taxas extras na cobrança de energia”.
Entendendo isso, prossegue ela, os consumidores estão vendo que é melhor investir em energia solar do que ficar vulnerável aos aumentos advindos da situação atual da matriz energética nacional. “Isso, junto à redução dos preços dos equipamentos, está aumentando exponencialmente o interesse do consumidor brasileiro na tecnologia fotovoltaica”.
Perspectivas para a energia solar nos próximos anos
Na análise da diretora-executiva da Ecosolys Indústria e Distribuição S.A, a demanda energética brasileira continuará aumentando nos próximos anos, já que acompanha o crescimento do país e a melhora da economia nacional. “Segundo dados do Ministério de Minas e Energia de 2022, no ano de 2021 foi identificado uma progressão de 4,2% no consumo de eletricidade no país. Com isso, a necessidade de novas fontes de geração só irá aumentar, trazendo diversas oportunidades para o setor de energia solar”.
Aliás, ajustes normativos e definições dos concessionários feitos recentemente ajudam o crescimento, pois as dúvidas perante o setor acabam, articula Meneghette. “A energia solar no Brasil tem um potencial muito grande de crescimento nos próximos 30 anos. Segundo o Ministério de Minas e Energia, estima-se que em 2050 a geração fotovoltaica pode ser superior a 100GW, e seja responsável por até 30% da capacidade instalada no país”.
A projeção da especialista é corroborada por dados do estudo “Global Market Outlook for Solar Power 2022-2026”, lançado na Alemanha durante a Intersolar Europe. Segundo a análise, o Brasil é líder em energia solar na América Latina e deve atingir 54 GW de capacidade solar total até 2026, tornando-se um dos principais mercados globais.
Para concluir, Meneghette destaca que o governo federal tem intensificado os investimentos em tecnologia: “Em julho, foi anunciado R$ 58 milhões para instalação de usina fotovoltaica nas Justiças Federal e Eleitoral, além de exigência para que os prédios públicos a partir de agora tenham obrigatoriamente energia fotovoltaica”, finaliza.
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