Dados recentes divulgados pelo Ministério da Economia dão conta que a balança comercial brasileira tem apresentado números positivos nos últimos meses. Segundo o levantamento, no mês de maio, comparado ao mesmo mês do ano anterior, as exportações cresceram 11,6% e somaram US$ 33,07 bilhões de superávit. Já no acumulado de janeiro a maio, em comparação ao mesmo período de 2022, as exportações cresceram 3,9%, apresentando um saldo positivo de US$ 136,39 bilhões – em março de 2022, as mesmas transações acumularam US$ 29,09 bilhões, e já haviam superado o recorde anterior de junho de 2021, que registrou US$ 28,3 bilhões.
Diante do fortalecimento da economia mundial, muitas empresas brasileiras têm buscado internacionalizar suas negociações. Segundo o estudo Trajetórias FDC de Internacionalização das Empresas Brasileiras, de 2019, cerca de 25 mil companhias brasileiras exportam produtos, sendo que 500 possuem subsidiárias ou franquias no exterior.
Sobre este modelo de negócio baseado em franquias, uma recente pesquisa sobre a Internacionalização das Franquias Brasileiras feita pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) mostrou um crescimento de 16% em internacionalizações em 2022, se comparado a 2021: o número de empresas no mercado estrangeiro passou de 183, em 2021, para 213 em 2022; e o número de países com marcas brasileiras subiu de 114 para 126, um aumento de cerca de 10%.
Para Suzana Lordelo, Co-founder & Chief Learning Officer da edtech Lingopass, a internacionalização não é um processo que ocorre apenas com empresas de grande porte. “As soluções desenvolvidas no Brasil são normalmente criativas e podem ser replicadas de formas muito úteis em outros mercados”, afirma.
Ela pontua que a internacionalização é vista como uma estratégia para driblar riscos inerentes à administração de negócios de diferentes portes, como sazonalidade, crises político-econômicas, diferentes realidades sociais, entradas em moedas mais fortes e acesso a tecnologias favoráveis ao desenvolvimento da empresa.
O processo pode surgir por diferentes objetivos e por isso existem maneiras diversas de internacionalizar uma organização. A exportação é o formato mais comum de atuar em mercados estrangeiros com vantagens como baixo valor de investimento e risco. Já o modelo de franchising é outro que apresenta algum grau de conservadorismo, já que o franqueado irá iniciar uma unidade com apoio do franqueador, e usufruir da reputação da marca e formato de negócios da empresa franqueadora.
Lordelo ainda cita o joint venture, acordo comercial entre duas ou mais empresas que somam seus recursos por um período determinado; o modelo de investimento direto, que se caracteriza pela participação efetiva no controle, total ou parcial, de uma empresa já existente em um mercado estrangeiro, como no caso de uma fusão; e a criação de uma nova empresa, como uma filial, de operações comerciais no exterior, como possibilidades de modelos de internacionalização.
Desafios da internacionalização de uma organização
Independentemente do mercado estrangeiro escolhido, como todo passo inicial em um novo terreno, haverá novos desafios, afinal a gestão da empresa precisará lidar com culturas e leis diferentes. Um bom planejamento, baseado em uma pesquisa de mercado bem estruturada, neste sentido, é o primeiro passo para a internacionalização de sucesso, de acordo com Lordelo.
O treinamento de integrantes de equipes das áreas jurídica, de marketing, de vendas, e atendimento ao cliente, desse modo, requer preparos específicos. “A empresa precisa saber exatamente quais recursos têm para liderar um time composto por estrangeiros, quais colaboradores podem ser transferidos, quais podem prestar atendimento ao público e por aí vai”.
Mesmo com times muito qualificados em suas funções, esta jornada pede desenvolvimentos pontuais, como leis, cultura e idioma local. Ou pode ser que pessoas que tenham esses conhecimentos não possuam a qualificação profissional necessária para desempenhar a função requerida pela empresa. Escolher o que, onde, quem e como treinar deve ser levado em conta no planejamento de internacionalização da empresa.
“Além de uma equipe capacitada, os gestores vão precisar saber exatamente onde alocar cada um com base em competências de forma estratégica”, conclui Suzana Lordelo.
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