Que a digitalização se tornou algo obrigatório para as empresas, isso já não é novidade. Organizações que antes mantinham a forma presencial de trabalho a qualquer custo, agora tiveram que abrir mão e migrar para o digital. Segundo um estudo realizado pela McKinsey & Company, líder mundial no setor de consultoria empresarial, desde o início da pandemia, as empresas conseguiram atingir um avanço esperado para 5 anos em apenas 8 semanas.
O ponto chave da questão é que o mercado não estava preparado para uma evolução tão rápida, o que traz à tona o conceito de “apagão tecnologico”. O termo tem ligação direta com a falta de profissionais especializados em Tecnologia da Informação para com as necessidades do mercado. De acordo com a Brasscom (Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), o Brasil forma, por ano, 46 mil profissionais na área da tecnologia. Entretanto, conforme a mesma fonte, o setor exigirá mais de 300 mil profissionais até 2024, o que impacta em um gap de quase 330 mil especialistas em 3 anos.
Diante desse cenário, a Assepro (Federação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação), publicou em 1º de dezembro de 2021 um manifesto declarando a grande preocupação que os assombra. “A Federação Assespro manifesta sua profunda preocupação do país sofrer um apagão de recursos humanos para o setor de Tecnologia da Informação (TI), conclamando a que todos os níveis de governo, executivos e legislativos, empresas públicas e privadas se unam urgentemente para implementar políticas públicas que evitem essa situação catastrófica”, diz um trecho do informe.
Para Ramon Durães, profissional com mais de 25 anos de atuação no mercado de desenvolvimento de software e CEO da DevPrime, startup especializada em estratégia e aceleradores para projetos de software, ainda há um ponto a mais para se preocupar. “A grande demanda por profissionais de tecnologia e, principalmente, por desenvolvedores de software tem crescido em todos os lugares do mundo e, claro, também afeta o Brasil”, afirma. “Isto acaba expondo muitas empresas ao abismo tecnológico pelo fato de não conseguirem se posicionar devidamente no mercado, e ainda, com o agravante da concorrência de empresas internacionais contratando profissionais no Brasil”.
Organizações devem oferecer projetos para impedir apagão tecnológico
Assim como exposto no manifesto da Assepro, é importante que instituições públicas e privadas tomem consciência deste cenário e comecem a agir de modo a impedir um quadro pior.
“Ao olhar para o horizonte da transformação digital em todo o mundo, é fácil entender que a inovação não é mais um item opcional e continuará pressionando a contratação de mais profissionais”, afirma o CEO. “O grande desafio tecnológico está, em sua maior parte, concentrado no investimento em desenvolvimento de software para construir serviços digitais com qualidade, escalabilidade, alta disponibilidade e baixo custo computacional, buscando oferecer uma presença digital tratada pelo Gartner como ‘Total Experience’”.
Em contrapartida, o Brasil ainda se destaca entre os principais países a desenvolverem softwares no mundo. Segundo o relatório Octoverse, realizado pelo Github, o país apresentou um crescimento de 40% no ano, o que o trouxe para as cinco melhores nações em crescimento de desenvolvedores de software.
“O caminho da formação contribui como parte do processo. Assim como as ferramentas low-code e no-code têm aproximado pessoas que não são do mercado de tecnologia, plataformas especializadas têm apoiado os profissionais que já são engenheiros de software, acelerando o desenvolvimento de microsserviços e API’s responsáveis pela experiência digital”, comenta o especialista.
Durães considera que, atualmente, “as startups conseguem ter o mesmo poder computacional e de forma acessível que qualquer outra grande empresa, com a vantagem de não carregarem um legado e desafios enormes de sustentação”. Por isso, para ele, disponibilizar soluções que aceleram a jornada de desenvolvimento de software, simplificando a entrada de novas pessoas nos projetos, aumentando a produtividade e oferecendo recursos comuns que facilitam a contratação de novos desenvolvedores de software, assim como retenção destes, é de extrema importância.
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