Dados da PNS (Pesquisa Nacional de Saúde), elaborada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicam que o Brasil tem cerca de 17,3 milhões de cidadãos com algum tipo de deficiência, o que equivale a 8,4% da população em geral. Mais da metade (67%) dessas pessoas não têm instrução ou não concluíram o ensino fundamental.
Indicativos do IBGE ainda revelam que o Brasil possui pelo menos 45 milhões de pessoas com algum tipo de impedimento de longo prazo. Ou seja, em torno de 24% da população. Destes, 10,7 milhões de indivíduos têm deficiência auditiva. Apesar disso, apenas 37% desse público estão inseridos no mercado de trabalho, segundo indicativos do SAS – Portal da Educação.
Hugo Giallanza, presidente da Brasil Startups, destaca que mais de 6 milhões de pessoas com deficiência auditiva estão desempregadas ou em situação de subemprego. “Há muitas carências no que tange às pessoas com deficiência. Quando falamos de acessibilidade, na forma mais ampla da palavra, esquecemos de fomentar ferramentas e metodologias que possam diminuir a fricção das buscas e anseios desta população”, articula.
“Neste cenário”, avança, “há uma oportunidade para startups e empresas inovadoras dispostas a receber esses profissionais, não apenas com o apoio a pautas de diversidade, mas também com a representação de uma visão que leve uma assimilação empática e mais representativa dos interesses deste público”.
Na análise de Giallanza, o empreendedorismo pode auxiliar os deficientes auditivos que buscam adentrar de forma mais assertiva no mercado. “Certa vez, ao me comunicar com um deficiente auditivo com o apoio de um tradutor de libras, questionei sobre os paradigmas de empreender e descobri que parte desta população tem muitas dificuldades, como por exemplo, anunciar um produto dentro de um marketplace”, afirma.
O empresário destaca que existem diversas plataformas sobre empreendedorismo disponíveis no mercado, mas faltam conteúdos ajustados para PCDs (Pessoas com Deficiências).
“Os deficientes auditivos possuem questões culturais linguísticas. Outro ponto importante a ser analisado é a estimativa de que 900 milhões de pessoas podem desenvolver surdez até o ano de 2050, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde)”, reporta. “Assim, é importante que existam políticas de capacitação para essas pessoas”, diz ele.
Empreender é para todos
Uma parceria entre a Brasil Startups e a SDE (Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal), está oferecendo de forma gratuita 250 acessos gratuitos a cursos de capacitação empresarial com tradução em libras para pessoas com deficiência, com ênfase nos deficientes auditivos.
Os cursos de gestão de pequenos negócios e empreendedorismo são destinados a alunos cadastrados na Secretaria da Pessoa com Deficiência do DF e futuros empreendedores, microempreendedores individuais, pequenos produtores rurais, nano, micro e pequenas empresas, empresas de pequeno porte e pessoas em situação de vulnerabilidade.
De acordo com o presidente da Brasil Startups, o objetivo é capacitar os deficientes e inseri-los no mercado de trabalho, além de fomentar a abertura de novos empreendimentos e dar aos surdos mais autonomia financeira e dignidade. “Promover o conhecimento do empreendedorismo é uma ação social que pode impactar a sociedade”, diz Giallanza.
O investimento do projeto é oriundo da emenda parlamentar do deputado distrital Iolando Almeida (MDB). “Já avançamos bastante, mas ainda há muitas barreiras que precisam ser transpostas”, ressalta.
Para mais informações, basta acessar: https://brasilstartups.org/
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