No dia 16 de outubro é comemorado o Dia da Ciência e Tecnologia, a fim de homenagear as grandes descobertas de homens e mulheres inspiradoras, além de incentivar novas conquistas científicas e tecnológicas. As mulheres também têm muito o que comemorar nesta data e são destaque para o setor tecnológico.
O livro TI de Salto traz muitos exemplos de mulheres que ganharam visibilidade no mercado da Tecnologia da Informação, desde pequenos negócios até cargos como CEO. Neste dia, contamos como elas superaram os obstáculos e alavancaram suas carreiras, mesmo em meio a desigualdade de gênero.
Este é o caso da própria organizadora do livro, Sylvia Bellio, que enfrentou muitos desafios para se posicionar como executiva de sucesso no setor. “Lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive na tecnologia”, diz.
Desigualdade x Incentivo
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), do IBGE, mostrou que somente 20% dos profissionais da área de tecnologia de informação são mulheres – o que, segundo a empresária Sylvia Bellio, leva muitas delas a sofrerem a chamada Síndrome do Impostor, que é aquela sensação de se sentir inferior aos demais e incapaz de reconhecer o próprio sucesso.
Mas cada vez mais mulheres ocupam cargos de chefia no mercado de TI. Para a especialista em transformação digital Mayra Valente Gatinoni, a baixa presença feminina no mercado de tecnologia se justifica por causa do “receio de iniciar algo desconhecido, que aparenta ser 100% técnico, exato e que sempre é pautada como uma profissão masculina”.
Ela destaca também que existe a insegurança de mulheres em não se adaptar ao mundo tech.
Devido à alta taxa de desigualdade entre homens e mulheres, a CEO da Somos B, Etienne Du Jardin, afirma que para manter o equilíbrio e fazer com que os números mudem é necessário encorajar e dar suporte para as meninas desde pequenas, assim como investir em mulheres no início de suas carreiras para que elas cheguem aos cargos de liderança.
Ainda de acordo com a pesquisa Estatísticas de Gênero, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, as mulheres representavam 13,3% das matrículas nos cursos presenciais de graduação na área de Computação e Tecnologias e Comunicação.
“Por mais que elas tenham interesse, quando tomam coragem para continuar e encaram uma sala com quase nenhuma outra garota, isso dá medo e desencoraja”, afirma Beatriz Paiva Alves, que atua como especialista técnica em uma empresa global. Quando muitas mulheres começaram suas carreiras não havia tanto incentivo como hoje, e só aos poucos é que projetos são desenvolvidos para tornar a área de tecnologia mais acolhedora e inclusiva, como uma comunidade destinada às mulheres cis e trans na tecnologia.
A diretora de TI Claudia Meira, afirma que deve começar incentivando as meninas desde a escola, com “mais matérias de informática e programação”. “O ambiente escolar e corporativo precisa ser leve e receptivo para as mulheres em áreas técnicas. A cultura precisa estar instalada nesses ambientes para funcionar”, complementa ela.
Para Beatriz, é necessário ter mais eventos tanto de empresas como instituições de ensino para incentivar mais meninas a ingressarem no mercado tech e deixar a área com mais diversidade. “Ir mudando a cabeça de tanta gente, inclusive da área de tecnologia, para que eles entendam que nós mulheres somos tão capazes quanto qualquer homem”, finaliza.
“É normal que ao procurar um curso ou carreira na área da tecnologia a maior parte dos envolvidos sejam homens, o que causa medo nas mulheres por acharem que aquele não é o seu lugar, mas é preciso que essa realidade seja transformada e que elas vejam cada vez mais oportunidades e possibilidades para serem e fazerem o que quiserem, em qualquer área”, afirma Sylvia Bellio.
Outro ponto de observação é a falta de espaços para que as meninas possam encontrar informações e incentivo para buscarem carreira na tecnologia. Se mais faculdades, escolas e eventos começarem a falar sobre o assunto, isso fará com que o número de mulheres em negócios de tecnologia continue aumentando e gerando maior diversidade dentro das empresas e salas de aula. “É importante ressaltarmos que podemos mudar as taxas de inclusão e contribuir para um futuro profissional cada vez mais inclusivo e honesto para todas as mulheres”, finaliza Sylvia.