A tecnologia foi a vacina das empresas para lidar com os desafios impostos pela pandemia do coronavírus até aqui. Disruptivas, as soluções tecnológicas readequaram em tempo recorde os relacionamentos mercadológico, institucional, comercial e profissional, com o bônus da redução de gastos e o aumento da produtividade, em alguns casos. Não é à toa que os ganhos apontam para o alto.
Um levantamento feito pela startup brasileira Speedio aponta que apenas neste ano, entre janeiro e junho, foram criados 33.845 novos negócios de tecnologia, incluindo micro empresas (MEIs). Isso representa uma taxa de renovação de 24% no setor de tecnologia, enquanto o resultado da soma de novos negócios (também incluindo MEIs), de todos os nichos de serviços e produtos foi registrado em 29%, com o surgimento de 5,8 milhões de novos empreendimentos.
Criadora de uma plataforma que gera e analisa dados para prospecção de clientes, a Speedio é uma das startups que expandiram na pandemia, registrando quase 400% de crescimento. Seu cofundador, Maucir Nascimento, especialista em Growth, Marketing e Vendas, comenta: “A tecnologia, hoje, é a matéria prima para as empresas e projetos mais importantes do país, inclusive na administração pública. E a pandemia acelerou a etapa de transformação e atualização dos negócios, que inclusive encontraram novas oportunidades para expansão no ambiente virtual”.
Os processos de digitalização de negócios estão reposicionando a importância e o peso dos valores circulados pelos empreendimentos que trabalham com serviços de tecnologia. Um estudo recente, apresentado pelo Fundo Atlântico, projeta que o valor de mercado das techs brasileiras como porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB) saltará de 2,8% ——- registrado em 2020 ——-, para 4,5%, em 2021.
O resultado acompanha a perspectiva do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), que mostra o aumento no volume de receita das empresas de tecnologia. O índice anual acumulado de receita nominal de serviços já chegou a 11,3% na última aferição, feita em julho. O mesmo percentual estava em 1,3%, em julho de 2020, resultado do impacto dos primeiros meses da pandemia e 3,5% em julho de 2019, meses antes da disseminação da Covid-19.
O Inside Venture Capital, de autoria da Distrito Dataminer, destaca que o primeiro semestre de 2021 foi importante para as startups que atuam no País. O montante investido nos primeiros seis meses do ano superou em 45% o do ano passado, chegando a quase R$ 5 bilhões. O fato reforça o crescimento do segmento, mas sinaliza também para a necessidade cada vez maior do investimento em tecnologia por parte das novas e antigas companhias.
Em setembro, as startups brasileiras levantaram US$ 344 milhões em investimentos, chegando ao total de US$ 6,9 bilhões investidos em 2021. O valor já é 89% maior do que os US$ 3,6 bilhões de 2020.
“Ou seja, estabelecemos novos paradigmas. Olhamos para 2019 e parece um período extremamente distante e diferente do que vivemos agora”, complementou o especialista da Speedio. “Até mesmo as discussões mais importantes que temos na esfera da opinião pública envolvem o digital e o tech. É um mundo novo, com outras tendências e que com certeza terá mais portas abertas para todos, também em outros setores da economia, graças ao potencial da tecnologia”.
Tecnologia na economia mundo afora
Enquanto as techs brasileiras aumentam em número e valor de mercado, ainda há muito espaço para expansão, quando se observa o que acontece em países que investem muito no setor. Ainda segundo o relatório Latin American Digital Transformation Report 2021, o valor de mercado das empresas de tecnologia como porcentagem do PIB nos Estados Unidos, entre 2020 e 2021, irá de 48,2% para 69,8%; na China, de 25,4% para 30,2% e na Índia, de 9,9% para 14,2%. O Brasil, com seus 4,5% projetados para 2021, está à frente da América Latina como um todo, onde a previsão é saltar de 2,3% para 3,4%.
Nesse Dia da Tecnologia, Maucir relembra sua vivência na Austrália, onde empreendeu por quase uma década, entre os anos de 2009 e 2018. O empreendedor observou como Canberra, capital australiana, se tornou um polo cibernético de referência e a importância que o setor tem tido para a economia, não só em receita, mas em impulsionar outras indústrias.
“Empreendedores e pesquisadores da região de Canberra têm uma forte relação de colaboração para expandir a indústria cibernética do País”, conta Maucir. “Uma pesquisa recente da Accenture com o TechCouncil sugere que o setor de tecnologia gerou US$ 122 bilhões para a economia australiana entre 2020 e 2021. Isso o torna o terceiro maior setor nacional, atrás de mineração e finanças”.
As empresas de tecnologia da Austrália também têm causado um grande impacto no mercado business-to-business (B2B) e de acordo com o mesmo relatório do TechCouncil, a contribuição do setor de tecnologia para a economia australiana pode chegar a US$ 175 bilhões em dez anos (2031).