A colônia alemã de Witmarsum, no município paranaense de Palmeira, começou a produzir o primeiro leite tipo A homologado no estado pelo SIF, Serviço de Inspeção Federal. O objetivo é abastecer o mercado curitibano com leite natural. A colônia é tradicional no setor leiteiro paranaense, apesar de ter apenas 1500 habitantes. A altitude de 1000 metros, da região dos campos gerais, é considerada pelos produtores como a ideal para a produção leiteira por ter clima ameno. E a capital, que vai receber o leite, está a apenas 60 quilômetros de distância.
O Paraná produz 4,3 bilhões de litros de leite por ano, sendo o segundo maior produtor brasileiro, atrás apenas de Minas Gerais que tem um território muito maior. No total o Brasil produz 43 bilhões de litros de leite por ano, segundo o IBGE. Mas o maior problema hoje dos produtores é com o alto custo de alimentação para o gado. O motivo é o grande volume de grãos para ração bovina que está sendo exportado. Os altos preços de compra de grãos no exterior fazem crescer também o preço no mercado interno.
O empresário Manfred Rosenfeld, dono do laticínio, explica que há uma diferença no leite tipo A, onde nunca se mistura a produção própria com o leite de outras fazendas: “O leite tipo A não pode ser misturado e nem passar por transporte de leite cru em caminhão-tanque. Pelas normas, deve ser totalmente produzido na mesma fazenda, começando pelos cuidados com o rebanho, a ordenha, o laticínio e o transporte, até chegar ao mercado consumidor”. Ele diz também que o produto é destinado a quem procura leite fresco, que hoje está mais difícil encontrar. O motivo é o crescimento do mercado para o leite longa-vida.
Manfred Rosenfeld diz que o projeto do laticínio “Família Germânia” foi desenvolvido a longo prazo: “O rebanho é selecionado e controlado em um programa permanente de melhoramento genético. Todos os animais são nascidos e criados na mesma propriedade. Este controle e o padrão de alimentação do rebanho resultam em um leite sem qualquer alteração durante todas as estações do ano. E o leite preserva as suas propriedades naturais com vitaminas B e C, ferro, cálcio e lactobacilos, o que só é possível em um leite fresco. A razão da diferença está no controle, que é definido e registrado nas instruções normativas do SIF, Serviço de Inspeção Federal. E é por este rigor que raríssimos laticínios são autorizados a fabricar o leite tipo A”.
Especialização exclusiva em leite tipo A
A fazenda e o laticínio são adaptados para a produção apenas de leite tipo A, diz Rosenfeld: “A instalação da ordenha leiteira tem controle rigoroso de higiene em todo o processo. E para garantir a conservação e a qualidade, o leite que sai da ordenha é imediatamente resfriado a quatro graus Celsius e transferido para os tanques de leite, que ficam em uma área totalmente isolada. A temperatura é sempre controlada até chegar à produção e ao envase”.
O laticínio foi equipado com novas máquinas, recebendo o leite através de bombeamento por tubos de aço inox, explica Rosenfeld: “O leite passa pela pasteurização, padronização, homogeneização e envase sem qualquer contato humano. Nesta fazenda toda a alimentação com silagem de milho, aveia, azevém e gramíneas é de produção própria. A saúde do rebanho é monitorada por veterinários. E o conforto dos animais é garantido por locais de sombra, descanso, alimentação e água controlada. O foco é o conforto animal, a visão ecológica e o respeito ao meio ambiente“, finaliza.