Designer gráfico formado pela PUC-PR e mestre em Typeface Design pela Universidade de Reading, onde se graduou com méritos, Crystian Cruz (@crystiancruz) atuou como diretor de arte das revistas Placar, Info e GQ, e como diretor de criação no jornal Diário de S.Paulo. Em 2010, começou a prestar consultoria em design editorial cross-media e tipografia através de sua empresa CruzMedia. Atualmente, é Type Director na agência Africa e professor no IED, em São Paulo.
Autor das tipografias Brasilêro, Quartzo, Rodan e CruzSans, entre outras, participou com trabalhos premiados das 6ª, 7ª e 8ª Bienal de Design Gráfico da ADG e também dos 28º, 29º, 30º e 31º Prêmio Abril de Jornalismo em Revistas. Crystian será o único palestrante brasileiro na TypeCon 2013, conceituado congresso anual de tipografia dos EUA, que ocorrerá nos próximos dias, em Portland. Em entrevista exclusiva para a Wide, ele comenta sobre o evento e avalia o mercado tipográfico brasileiro.
WIDE Até pouco tempo, a tipografia, fora do meio criativo, não era vista com grande importância (ou pouca relevância). Hoje, como você avalia o mercado tipográfico, em especial na América Latina? Os profissionais já são merecidamente reconhecidos?
CRYSTIAN CRUZ Até a década de 80, o mercado tipográfico era restrito a poucas empresas, o que consequentemente tornava a profissão pouco conhecida. Com a democratização proporcionada pela revolução digital, a produção tipográfica deu um salto qualitativo e quantitativo, e com isso a atividade começou a ser reconhecida. Recentemente, o processo de impressão tipográfica (Letterpress) voltou a se cultuado, acompanhando a onda global de valorização do Arts & Crafts, e isso também está contribuindo para levar a tipografia a um novo patamar. Porém, no Brasil, o mercado de criação de tipografia é algo ainda muito recente. Antes da revolução digital, importávamos todos os tipos que eram utilizados no mercado brasileiro. Somente na última década que esse cenário mudou, impulsionado pela fomentação da tipografia através de eventos (como o Diatipo) e também via publicações especializadas. Com isso, o mercado está descobrindo a importância de um bom uso tipográfico para o sucesso de uma peça de comunicação. Hoje já temos alguns type designers brasileiros dedicados integralmente a essa atividade, e com presença cada vez mais relevante no mercado internacional, e tenho convicção que esse cenário só tende a melhorar cada vez mais.
WIDE Você será uma das atrações no TypeCon 2013 (www.typecon.com), que ocorrerá daqui a alguns dias, em Portland, nos Estados Unidos. Poderia falar sobre este evento e a importância dele para o universo da tipografia?
CRYSTIAN CRUZ O TypeCon é o congresso anual de tipografia norte-americana e é sempre recheado de palestras interessantes e convidados internacionais. Assim como o congresso da AtypI (que geralmente é na Europa), é um dos eventos mais representativos do mercado tipográfico. Estive presente nos eventos de Nova York (2005) e Los Angeles (2010), e agora farei a primeira participação como palestrante. Não é de hoje que o Brasil desponta no cenário tipográfico internacional, e espero poder contribuir ainda mais com esse contexto no evento desse ano.
WIDE Existe algo no mundo da tipografia que você ainda não realizou mas deseja executar em sua vida profissional?
CRYSTIAN CRUZ Até dois anos atrás, meu grande desejo era poder trabalhar em tempo integral com tipografia, o que aconteceu quando fui convidado pra trabalhar como Head de Tipografia na agência Africa. Hoje, meu próximo desafio é lançar minhas fontes no varejo, pois sempre criei projetos somente por encomenda. Porém, até agora não achei uma Type Foundry que atendesse às minhas vontades, e não descarto criar uma empresa própria para comercializá-las, assim eu poderia dar uma atenção especial ao mercado brasileiro.