O ano de 2020 foi muito atípico para muitos setores da economia nacional, que registraram quedas significativas de produção e vendas. A principal causa para esse baixo desempenho econômico foi, comprovadamente, a pandemia do novo coronavírus.
Em todos os lugares do mundo, o vírus forçou empresas a pausarem a produção e os consumidores a ficarem em casa, além de levantar inseguranças sobre salários e o nível de desemprego.
Basta ver que, no Brasil, o desemprego aumentou significativamente. Contando o número de desalentados e informais, o país tem agora mais gente fora da força formal de trabalho do que dentro dela.
No entanto, há luz no fim do túnel. Algumas indústrias começam a recuperar o tempo perdido e a retomar as vendas, ainda que não nos mesmos níveis de 2019. Uma delas é a de automóveis.
De acordo com dados recentes do Banco Central, o número de financiamentos automotivos cresceu 44,8% no mês de junho. Foram R$9,061 milhões em operações de crédito para a aquisição de automóveis, apenas no sexto mês do ano.
Em julho, houve novo crescimento: 25,8% mais financiamentos do que no mês anterior. O resultado ainda tem quedas, se comparado a 2019, mas já demonstra que a demanda está retornando ao mercado.
Quem tem alavancado esse movimento de aquecimento do mercado automotivo são as vendas de carros usados e seminovos.
“Exatamente! Segundo dados da B3, o número de financiamentos de automóveis leves usados ou seminovos foi quase 3,5 vezes maior do que o de automóveis novos”, relata Maximiliano Noronha, especialista automotivo e sócio-proprietário da NoxCar . A empresa é uma das envolvidas nesse aquecimento do mercado, já que é uma das principais concessionárias de usados e seminovos da região da Grande Florianópolis (SC).
De acordo com os dados divulgados pela B3 e citados por Noronha, o número de carros usados ou seminovos financiados em julho deste ano foi de 297,9 mil unidades. Em relação ao mesmo período de 2019, houve uma queda de 5,7%, já que no ano passado o mês de julho registrou 315,9 automóveis usados ou seminovos sendo financiados.
Já os carros novos tiveram uma queda bem maior. Em 2019, foram 123,8 mil unidades financiadas. Em 2020, apenas 85,3 mil – uma redução de 31,1%. As notícias não são tão boas para as montadoras, que ainda estão com dificuldade para conquistarem a demanda do público, mas mostram recuperação nos dois setores.
“É importante ter em mente que tanto os carros novos quanto usados e seminovos estão aumentando o número de vendas progressivamente em 2020. Os dois setores ainda estão abaixo de 2019, mas nem poderia ser diferente por causa da pandemia. A ótima notícia é que, como era previsto, a demanda está aparecendo e o mercado vem reagindo bem”, revela Noronha.
A explicação para o aumento no número de vendas de carros nesses períodos não é uma surpresa para a equipe da NoxCar. Desde o início da pandemia, o time se preparou para a nova realidade e saiu na frente da concorrência na adequação às novas regras do mercado.
“Nosso foco foi para a venda online. Pouco tempo depois, o Google divulgou um relatório com as tendências do mercado automotivo mundial e referendou a estratégia ao afirmar que a demanda por novos carros ainda estava muito viva, mas tinha migrado para o setor digital. As pessoas queriam comprar carros, especialmente por causa do novo coronavírus, mas só podiam negociar digitalmente por razões de segurança. Então nós aproveitamos a estrutura de vendas online que já tínhamos para poder suprir essa demanda”, explica.
O movimento do mercado brasileiro vem mais ou menos de acordo com o movimento de outros mercados que passaram pela pandemia do novo coronavírus antes do Brasil. Na China, por exemplo, houve um rápido aumento nas vendas, logo após as concessionárias voltarem a abrir as portas.
“O próprio coronavírus é um motivador de compras significativo. A população precisa se locomover, ir para o trabalho. Mesmo de quarentena, ainda assim é necessário sair para fazer compras no supermercado, por exemplo. Não dá para confiar no transporte público, já que o risco de contaminação é grande. Quem tem condições, certamente vai ao mercado negociar um automóvel para esse momento”, explica Noronha.
No entanto, o próprio especialista da NoxCar revela que o coronavírus não é o único fator que justifica o aumento na demanda por automóveis no país. Existem outros elementos a serem levados em consideração.
“O cenário macroeconômico é favorável. A Taxa Selic está na mínima histórica e caiu novamente em agosto. Isso ajuda a diminuir o valor dos juros automotivos. Portanto, os automóveis estão mais acessíveis. Além disso, é fato que os usados e seminovos são mais atraentes no momento. Em primeiro lugar, o preço deles é menor do que o de um carro novo, além do fato de que fica mais em conta encontrar versões com opcionais e mais conforto”, conclui o sócio-fundador da NoxCar.
Website: https://noxcar.com.br/