Home Empreendedorismo Quais são as tendências para o mercado imobiliário no pós-pandemia?

Quais são as tendências para o mercado imobiliário no pós-pandemia?

por admin

Diversos aspectos do mundo comercial mudarão por causa da pandemia de Covid-19 (coronavírus). A adoção do home-office, por exemplo, aponta para uma tendência de mudança de formato em muitos negócios. Segundo uma pesquisa da Capterra e do Instituto de Estudos Gartner, 77% das pequenas e médias empresas brasileiras adotaram esse modelo de trabalho após a quarentena.

Para alguns essa mudança será temporária. Para outros, porém, ela será definitiva. Um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que 30% dos empreendimentos brasileiros manterão o trabalho de casa mesmo após a pandemia. Entre as justificativas para a transformação estão os fatos de que a produtividade dos colaboradores aumentou e de que eles estão adaptados e mais confortáveis.

O apontamento de que quase um terço dos negócios deverá atuar de maneira remota poderá impactar de forma considerável o mercado imobiliário. Claudio Fauza, arquiteto e diretor da Alphaz Incorporadora, uma empresa que desenvolve projetos imobiliários sustentáveis de ponta a ponta, diz que a pandemia tem feito muitas empresas reconsiderarem seus escritórios.

“Os grandes espaços corporativos estão sendo repensados porque a necessidade desses locais diminuirá, já que muitos funcionários estão produzindo de casa. Essa questão vai impactar as ofertas desses locais, que tendem a ficar mais ociosos. Isso fará com que o valor desses prédios, casas e sobrados também seja impactado”, argumenta.

O arquiteto lembra também que nesse contexto de crise os empreendimentos estão se preparando para realizar reduções em seus custos. Nesse sentido, aluguéis em regiões que possuem um viés de negócios em grandes metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro costumam ser caros. Além disso, ainda existem outros gastos como energia elétrica.

Claudio afirma que a possibilidade de diminuir esses gastos, principalmente em um período de recessão que será trazido pela pandemia, será essencial até mesmo para a sobrevivência de empresas.

Alexandre Cesarino, sócio-fundador da GAEA Consulting, empresa de tecnologia DevOps, confirma algumas das tendências citadas por Claudio. Ele afirma que sua empresa deve procurar uma sede menor, que deverá comportar somente funcionários da parte comercial. De acordo com ele, os colaboradores da parte operacional deverão atuar de maneira remota por definitivo.

Ele explica que essa mudança está sendo planejada por causa dos menores custos de um local menor e do retorno em produtividade dos colaboradores.

“A companhia estava testando o home-office durante alguns dias na semana antes mesmo da pandemia. A crise acabou fazendo com que todos os colaboradores fossem para casa, sendo que o resultado tem sido muito positivo. Por causa disso, decidimos que uma parte dos colaboradores vai ficar em casa permanentemente, mesmo depois que essa situação passar”, comenta.

Virtualização dos negócios
Luigi Scianni Romano, sócio-fundador da Alphaz Incorporadora, lembra que outro aspecto da transformação do cenário imobiliário no pós-pandemia é a virtualização dos negócios. A negociação, contato com o cliente e outros atendimentos realizados pela internet fazem com que a necessidade da presença física seja bem menor atualmente do que anos atrás.

No caso da Alphaz, Luigi explica que a empresa realiza boa parte da divulgação dos projetos através de redes sociais. Essa divulgação conta com o apoio de influencers digitais como a modelo internacional Cintia Dicker, que possui parceria com a marca.

“Além da divulgação, nós possuímos um formulário eletrônico, fazemos atendimento por WhatsApp e e-mail. Essa facilidade faz com que a exposição da marca seja bastante grande e que a gente consiga pular alguns processos que na década passada eram impossíveis por causa da falta de tecnologia”, salienta.

Mudança nas cidades e nas casas
As mudanças que serão desencadeadas pela adoção do trabalho remoto também afetarão as moradias das pessoas. Claudio Fauza argumenta que com essas alterações nos bairros que são conhecidos por serem centros corporativos, haverá valorização de regiões mais distantes do centro da cidade e até mesmo fora do município.

“São Paulo, por exemplo, possui uma questão complicada de distribuição dos empregos. A grande maioria das pessoas moram distante do centro e passam horas no trânsito para ir trabalhar. A tendência é que esses movimentos acabem espalhando tanto as empresas que optarem por continuar com um local corporativo quanto as moradias das pessoas”, diz.

Nesse sentido, ele afirma que as regiões metropolitanas, litorâneas e até mesmo o interior poderão verificar esse movimento migratório. Esse fenômeno, chamado de êxodo urbano, pode ser um dos resultados da pandemia.

Luigi afirma ainda que a Alphaz há muito tempo vem reformulando o conceito de morar e tem adotado uma maneira sustentável de pensar os imóveis e, que a escolha da localidade dos empreendimentos em localidades próximas da natureza será reforçada no pós-pandemia, já que o trabalho remoto permite que as pessoas exerçam suas funções de qualquer lugar.

“Temos imóveis em verdadeiros paraísos naturais como Barra Grande (BA), Serra da Mantiqueira (MG), entre outros, e continuaremos mapeando locais em sintonia com a natureza para que os proprietários possam optar por exercer suas funções remotamente, aliando produtividade com qualidade de vida”, ressalta Luigi.

O arquiteto afirma que outro impacto relevante desse cenário será o próprio ambiente das casas. Ele conta que muita gente tem começado a adaptar suas residências para que elas tenham um canto exclusivo para trabalhar. Essa opção tem sido tomada principalmente por quem realiza home-office. Nesse sentido, as incorporadoras vão ter que pensar em projetos que atendam esta nova demanda.

“Muitas dessas transformações estão acontecendo muito rápido e de maneira forçada por causa da pandemia. Mas o fato é que essa crise está trazendo uma outra forma de enxergar o trabalho remoto e isso é uma quebra de tabu no Brasil. O mercado imobiliário e a economia de maneira geral discutirão bastante esse assunto daqui para frente”, finaliza Claudio.

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