O território brasileiro é atingido anualmente por 78 milhões de raios, segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), contabilizando prejuízos estruturais de aproximadamente um bilhão de reais por ano. De 2000 a 2014 foram registradas 1.792 mortes por descargas elétricas, o que dá uma média de 120 por ano. O instituto também concluiu que dois terços dessas mortes acontecem em ambientes abertos, como praias, campos e plantações.
Para o projetista sênior e especialista em projetos de proteção de descargas elétricas, Carlos Augusto Xavier, quando não leva à óbito, um raio pode causar ferimentos por queimaduras e casos ainda mais graves, como parada cardíaca e respiratória. Além dos prejuízos à vida, explica que os danos estruturais causados pelos raios também podem ser evitados com o chamado SPDA – Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas, ou popularmente conhecido como “para-raios”. “Este é um importante recurso que tem como objetivo direcionar esta descarga desde o ponto que ela atinge até o sistema de aterramento que fica localizado no solo em torno da estrutura. Produzir um SPDA tem como propósito conduzir descargas atmosféricas até o solo, por meio de condutores ligados ao sistema de aterramento, evitando danos”, explica Xavier, que em seus mais de 20 anos de experiência em engenharia elétrica e engenharia de automação e controle vem constatando cada vez mais a eficácia de um sistema preventivo.
Xavier afirma que, ao contrário do que muitas pessoas pensam, um SPDA não atrai um raio e também não evita que caia, mas protege edificações e pessoas que estão dentro e ao entorno, oferecendo à descarga atmosférica um caminho preferencial, reduzindo os riscos de incidência sobre as estruturas. No Brasil, é uma exigência do corpo de bombeiros que edifícios com mais de 30 metros de altura e instalações comerciais e industriais com mais de 1500m² de área construída tenham um sistema de proteção contra descarga atmosférica. Outra exigência é em áreas destinadas a depósitos de explosivos e inflamáveis ou outras que apresentem um nível alto de periculosidade.
Para evitar este problema, ao se contratar um profissional para a execução de um projeto preventivo, como o SPDA, alguns cuidados devem ser tomados detalha o projetista. “O profissional precisa fazer o projeto de acordo com os padrões exigidos pelas normas técnicas brasileiras, checar os laudos de qualificação e certificação dos fabricantes e fornecedores dos materiais, bem como dos componentes usados nos sistemas de proteção. Deve ainda exigir o uso de equipamentos de modo que atendam às normas específicas de controle de interferência eletromagnética e que tenham passado por ensaios de laboratório credenciados em compatibilidade eletromagnética. E, por fim, avaliar o ambiente ao qual o sistema será instalado, zelando pela aplicação integral das normas técnicas brasileiras”, finaliza.