A atenção dos investidores está sendo voltada cada vez mais para as boas práticas de impacto social e ambiental. A sigla ESG – derivada do inglês environmental, social and governance (ambiental, social e governança), não é apenas uma tendência no mundo dos investimentos, mas sim uma necessidade. Quanto mais engajadas com as questões de sustentabilidade, mais as empresas serão vistas como eficientes, ficarão bem posicionadas no mercado e terão um retorno financeiro de longo prazo.
“A mudança climática representa uma ameaça para toda a humanidade e todos precisam estar absolutamente determinados a enfrentá-la”, salienta Vininha F. Carvalho, economista e editora da Revista Ecotour News & negócios (www.revistaecotour.news).
O governo britânico planeja introduzir uma nova lei para exigir que as empresas assegurem que todos os alimentos e insumos por elas importados não contribuam para o desmatamento. A lei visa combater a “pegada de desmatamento”, a perda de florestas tropicais associada à produção de commodities como soja, óleo de palma, carne de vaca, cacau, polpa e papel, principalmente importados de países da América Latina, da África e do Sudeste Asiático.
É a primeira vez na legislação britânica que se atribui às empresas a responsabilidade de saber de onde vêm estas commodities e que assegurem o cumprimento da lei dos seus países de origem. O governo do Reino Unido informou que as empresas serão multadas se não cumprirem a obrigação. A França adotou uma lei semelhante em 2017.
Os últimos manifestos de investidores internacionais, responsáveis por movimentações da ordem de R$20 trilhões, somados ao de mais de 50 CEOS de grandes empresas no Brasil contra o aumento do desmatamento da Amazônia e cobrando ao Governo a retomada sustentável da economia pós-pandemia mostram a força da questão da sustentabilidade nos negócios e como ela se tornou um ativo financeiro para as empresas.
A valoração socioeconômica e contabilidade dos danos ambientais constituem instrumentos analíticos desenvolvidos por algumas áreas da teoria econômica relacionadas à utilização de recursos naturais, ao consumo de insumos energéticos e à poluição. “Sua abrangência, conforme se observa no que vem ocorrendo na sociedade há décadas, vai desde problemas localizados, como a poluição gerada por uma planta industrial que impacta a comunidade vizinha, até questões de natureza e escalas muito mais abrangentes, como as que se relacionam com a perda de biodiversidade ou com os efeitos causados pelas mudanças climáticas em escala global”, relata Vininha F. Carvalho.
Segundo Eugenio Singer, PhD em Engenharia Ambiental e de Recursos Hídricos pela Universidade de Vanderbilt (EUA), – “a contabilidade de capital natural (NCA, em inglês) constitui um dos meios capazes de integrar as contribuições da natureza e os efeitos prejudiciais da atividade econômica ao meio ambiente, baseando-se em uma estrutura contábil consistente, ao fornecer indicadores e informações relevantes e apoiando a formulação de políticas públicas globais, incluindo o Acordo de Paris e a Agenda 2030, referente aos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)”.
Para o presidente do Conselho Técnico-Consultivo do CDP América Latina (Escritório regional do CDP Global, organização internacional sem fins lucrativos que mede o impacto ambiental de empresas e governos de todo o mundo) e professor de Finanças e Sustentabilidade do Coppead/UFRJ, Celso Funcia Lemme, as organizações que adotarem modelos de negócios que integrem os aspectos ambientais, sociais e financeiros estarão mais preparadas para disputar a liderança de seus setores no futuro.
“O cuidado com o meio ambiente já é observado de maneira expressiva na esfera individual. Além de esperar um compromisso maior das empresas com questões ambientais, as pessoas também revelam uma preocupação maior em agregar práticas sustentáveis no seu dia a dia”, enfatiza Vininha F. Carvalho.
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