Home Empreendedorismo No setor turístico, agências de viagens devem ser as mais afetadas pela crise

No setor turístico, agências de viagens devem ser as mais afetadas pela crise

por Carlos Augusto Queiroz

Apesar das tentativas de manutenção financeira das operadoras e agências de viagens diante da crise da Covid-19, um estudo realizado pela FGV Projetos (Fundação Getúlio Vargas), publicado em abril desse ano, aponta que a recuperação desse segmento será mais lenta que as demais atividades do setor turístico.

De acordo com a projeção, caso as atividades comerciais voltem até o final desse ano, o volume de produção das agências e organizadores de viagens só voltarão à normalidade no segundo semestre de 2021. Outras atividades do setor como hotéis, bares, restaurantes e atividades culturais têm previsão de melhora para o primeiro semestre de 2021.

Para André Coelho, gerente de Projetos da FGV Projetos, a confiança do consumidor em contratar os serviços das agências foi abalada com a doença. “No caso da Covid-19, essa segurança se transformou em risco imediato, o que não permitiu que as agências e operadoras pudessem ter tempo para trabalhar em estratégicas de prevenção ou de negociação financeira antes da crise”.

Estratégias para a retomada

De acordo com a projeção, após o surto da doença, as viagens essenciais por motivos de saúde e visita a parentes terão retorno imediato. Em um segundo momento, as viagens domésticas de lazer e trabalho voltarão a ser procuradas. E por último, as atividades recreativas e eventos corporativos retornarão.

Segundo André, essa previsão de recuperação se refere apenas aos destinos nacionais. “Para atividades internacionais, haverá outras questões de demanda e de oferta, que nos fazem estimar pelo menos 18 meses para retomar operações de forma significativa”, explica.

Bárbara Resende, cofundadora do site de pesquisas de passagens aéreas e outros serviços de turismo, Voo.com.br, acredita que haverá mudanças significativas nos hábitos de viagens da população após o fim do isolamento e que as agências de turismo devem estar atentas a isso.

“Acredito que as pessoas vão estar mais conscientes e preocupadas. Provavelmente, as empresas que oferecem seguro-viagem serão mais solicitadas por parte dos viajantes”, relata. 

O estudo também aponta que as organizações do segmento devem buscar reaver a confiança do consumidor promovendo ações que reforcem as medidas de saúde e condições sanitárias da empresa e serviços oferecidos.

Auxílios públicos também serão essenciais para manter o segmento: benefícios nos contratos de concessão, crédito facilitado e promoção do turismo doméstico manterão o equilíbrio do setor, explica o material.

Manutenção financeira do segmento

Recentemente, o Ministério do Turismo anunciou uma linha de crédito de R$ 5 bilhões para atender 80% das micro, pequenas e médias empresas que fazem parte do setor. Os outros 20% restantes serão destinados para as grandes organizações.

Anteriormente, o governo já havia anunciado uma medida provisória que desobrigava as empresas de turismo a pagarem reembolso de reservas e eventos cancelados. Outras medidas econômicas, como flexibilização trabalhista e isenção de impostos também se aplicaram aos empresários do segmento. 

Apesar disso, o diretor executivo da ABETA (Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo), Luiz Del Vigna teme que a burocratização atrapalhe a apropriação dos auxílios públicos. “Estamos bastante preocupados se essas ações vão, efetivamente, chegar à ponta do pequeno e microempresário do segmento”, conclui.

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