Novidade no início, não é exagero dizer que a quarentena virou rotina para a maioria dos brasileiros. Ainda que a preocupação com a pandemia de COVID-19 continue assustando todos, é preciso encontrar formas para seguir a vida do melhor jeito possível – já são dois meses de isolamento social. É uma situação que provoca transformações, sem dúvida, com vários negócios em risco. Mas nessa busca por alternativas para continuar trabalhando e vivendo, as pessoas estão encarando uma rara oportunidade que estimula a criatividade e o empreendedorismo.
Há três grandes cenários econômicos provocados pela pandemia de COVID-19. O primeiro, claro, é das empresas e segmentos que foram fortemente atingidos negativamente. O segundo consiste daqueles negócios em que não houve uma influência nem positiva e nem negativa. Por fim, há também o cenário dos setores que conseguiram avançar e crescer. Indústrias, varejo e prestação de serviços podem ser inseridos em qualquer um desses grupos, dependendo do segmento em que atuam, do que oferecem e do porte.
Dessa forma, um dos efeitos do novo coronavírus é o potencial aumento no número de empreendedores. Há dois motivos para o empreendedorismo: amor ou dor. Neste caso, com as pessoas perdendo emprego e, eventualmente, o acesso a novos postos de trabalho, empreender é uma saída natural, principalmente a partir de 2021. Revela-se, portanto, uma grande oportunidade para fomentar esse conceito e toda a cadeia na sociedade. Afinal, gera mais empregos, fluxo de capital, amadurece a estrutura de investimentos em pequenos negócios, entre outros benefícios.
Os microempreendedores de diversos setores precisam aproveitar essa mudança de paradigma. Na área de decoração e arquitetura, por exemplo, certamente vai haver demanda por pequenas reformas e adaptação de casas às necessidades do home office, uma vez que o modelo de trabalho também passou por transformações. Além disso, aspectos da economia colaborativa, tão em alta antes da pandemia, também serão impactados: itens como transporte e acomodação precisarão se adaptar para continuarem atraindo consumidores. Já soluções nas áreas de saúde e de qualidade de vida estarão em alta, uma vez que ficaram escancarados os limites da saúde pública e privada à população.
São situações que irão acompanhar a própria metamorfose do ser humano após essa crise – empreendedores que perceberem isso antes terão mais chances de sucesso no futuro. As pessoas começarão a dar valor maior às pequenas coisas, ou a tudo que era menos prioritário antes, como família, atividades ao ar livre, turismo, atividade física, encontros com amigos, etc. Canais digitais terão uma influência muito grande na vida de todos, seja para comprar itens de primeira necessidade, seja para se relacionar socialmente. É uma revolução causada pelo simples fato de as pessoas passarem mais tempo em casa, fazendo certas coisas que não eram prioridades no passado passarem a ser agora.
O mundo pós-COVID-19 mostra que não há limites para superação, uma vez que é preciso encontrar algum jeito para seguir a vida. A pandemia provocou a criatividade das pessoas. Quer que a empresa continue a existir ou precisa encontrar alguma renda nova? Terá que pensar rápido e diferente. Esse novo mundo aprendeu que não dá para focar apenas o maior ganho; é melhor focar os ganhos menores para continuar no azul. É um mundo que vai olhar muito para a transformação digital e encontrar novas alternativas para antigos e novos problemas.
* Diogo Lupinari é CEO e cofundador da Wevo, empresa especializada em integração de sistemas e dados – [email protected]