O setor de ensino privado realmente retomou o embalo e promete um crescimento ainda maior nas operações de fusões e aquisições.
No primeiro semestre de 2019, pelos cálculos da consultoria KPMG, o mercado de educação no Brasil assistiu a 15 grandes transações de fusões e aquisições, dois a mais do que em 2018.
O crescimento registrado da primeira metade de 2019 já era um prenúncio de que a indústria de ensino privado continuaria crescendo em 2020. A JK Capital – consultoria de fusões e aquisições que assessora várias operações neste segmento – já está com 6 operações em andamento para este ano.
O setor já passou por diversas ondas de consolidação. Na primeira década dos anos 2000, a consolidação foi impulsionada pela entrada de grandes fundos de investimento no setor e posterior abertura de capital de suas respectivas empresas investidas, que utilizaram o caixa gerado pelas captações para consolidar mercados e entrar em novas praças através de aquisições.
Posteriormente, ocorreram outras ondas de consolidação, impulsionadas por diferentes fatores, dos quais vale destacar as novas regras do FIES, que permitiram uma expansão agressiva do crédito estudantil e alavancaram o valor das instituições de ensino, despertando o interesse de venda em muitos empreendedores e a corrida por ganho de market share no ensino à distância, também impulsionada por mudanças regulatórias pró-mercado.
Atualmente, há uma nova onda, gerada pela “ressaca” da nova realidade de restrição do FIES e efeitos da ainda recente contração econômica prolongada e consequente aumento de desemprego, que juntas tornaram o crescimento do setor menos óbvio.
O ambiente de restrição de crescimento gera dois efeitos que devem ter impacto direto nos M&As do setor. Por um lado, os empreendedores, antes mais otimistas, estão mais propensos a avaliar oportunidades de venda; do outro lado da mesa, há um incentivo aos grandes consolidadores para buscarem crescimento via aquisições, já que organicamente a dificuldade de performance está maior.
Por fim, há um outro fenômeno que não pode ser ignorado, que é a busca por instituições com o curso de medicina, em muito impulsionado pela tese da Afya. Em razão de todo este cenário, há um claro movimento de capitalização dos grandes players para se posicionarem nesta nova onda de consolidação do setor.
A Ânima Educação comprovou esse movimento e levantou recentemente R$ 1,1 bilhão vendendo 30 milhões de ações a R$ 36,25. Segundo fato relevante publicado pela empresa, os recursos serão usados para novas aquisições estratégicas e investimentos nas atuais linhas de negócio da companhia.
Outra operação de impacto do setor aconteceu no final de 2019. A JK Capital, consultoria de finanças corporativas especializada em operações de Captação de Recursos, Fusões e Aquisições de Empresas, assessorou a UniToledo na venda para a Yduqs.
Segundo reportagem publicada na época pelo Valor Econômico, a aquisição faz parte da estratégia de diversificação de negócios da Yduqs e a UniToledo fará parte da nova plataforma da companhia carioca, que pretende reunir ativos com perfil distinto às instituições de ensino que levam a marca Estácio.
As negociações com a UniToledo foram rápidas, levaram entre três e quatro meses para serem concluídas, porque a instituição não tem endividamento relevante e a gestão já era profissionalizada.
“A família fundadora, que está em sua terceira geração, não tinha intenção de vender. Quando a Yduqs nos procurou explicando que a UniToledo faria parte de uma holding, com perpetuação e expansão da marca, houve o interesse pela transação”, disse Daniel Damiani, sócio da JK Capital, assessoria financeira contratada pela UniToledo.
Com participação de mercado de 38% na região de Araçatuba, a UniToledo tinha 5,3 mil alunos na época da transação, sendo que quase metade desse total vem de cidades vizinhas em um raio de até 100km.
Com tantas movimentações acontecendo, resta aguardar os próximos capítulos dessas novas estruturações do setor.
Website: http://www.jkcapital.com.br