Em função da pandemia ocasionada pela Covid-19, o Brasil já bateu a marca de mais de 100 dias de quarentena. O mundo nunca mais será como antes, pessoas e setor corporativo mudaram em uma velocidade espantosa, fazendo-se necessárias a releitura e a readaptação do “novo normal” para garantir a continuidade dos negócios.
Ainda que muitos especialistas apontem que pior da pandemia já passou, observa-se que o número de infectados cresce em algumas regiões do país. Somados a isso, as estatísticas preliminares denotam que o número de desempregados explodiu em função da pandemia: até o final de maio, eram 12,7 milhões de pessoas sem ocupação, com o fechamento de 7,8 milhões de postos de trabalho, em relação ao trimestre anterior, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua), do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Empresas fechadas
De acordo com o Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às micro e pequenas empresas, até o mês de abril, pelo menos, 600 mil empresas não conseguiram sobreviver as consequências do isolamento social. A pesquisa também mostrou que 30% dos empresários tiveram que buscar empréstimos para manter seus negócios, mas o resultado não tem sido positivo: 29,5% destes empreendedores ainda aguarda uma resposta das instituições financeiras e 59,2% tiveram os pedidos negados.
“Mas não ficaremos somente neste número; de abril até hoje, mais empresas encerram as atividades e, outras mais deverão fechar as portas até o final da pandemia. E o crédito (programas do Governo) não tem chegado àqueles que mais precisam, que são as pequenas e médias empresas”, lamentou o professor Carlos Afonso, autor do livro Organize suas finanças e saia do vermelho. “As linhas de crédito disponibilizadas pelas instituições financeiras, em especial o PRONAMPE, tem se esgotado rapidamente; não só nos bancos oficiais, mas também nos bancos privados. A retomada econômica, infelizmente, deverá ser morosa”, acredita o professor, que além de educador financeiro, é contabilista e administrador. Não bastasse tudo isso, as decisões no âmbito político demoram a ser tomadas (em todas as esferas, sem exceção), e os empreendedores continuam sofrendo pela falta de apoio do poder público.
Números positivos
Por outro lado, o cenário trouxe notícias animadoras para determinados setores, a exemplo das vendas no varejo, que subiram quase 14% no mês de maio, quando comparado a abril de 2020, percentual bem acima das expectativas dos economistas.
Sabe-se que cada segmento tem suas particularidades e, encarar uma crise para alguns é mais desafiador do que para outros. Há quem consiga fazer grandes revoluções durante uma crise, outros nem tanto… E não é por falta de capacidade, mas em virtude do mercado que atuam. Deste modo, fazer a lição de casa para garantir a sobrevivência dos negócios já é algo extremamente positivo.
Como manter o negócio funcionando
Algumas perguntas relevantes neste momento de crise são: como um negócio pode ser reinventado? O que pode ser feito para assegurar a manutenção de uma empresa? É possível fazer algo de diferente para chamar atenção e agregar valor aos produtos ou serviço desta empresa?
Em um cenário bastante desafiador, observa-se que muitas vezes falta ao empresário informações relevantes sobre o próprio negócio no que diz respeito a tomada de decisões, e isso pode ocorrer por falta de colaboradores nos quais o empresário se apoiaria neste momento, ou ainda, por excesso de centralização das informações do próprio empreendedor que emprega as energias em determinadas demandas em detrimento de outras.
“As empresas são compostas por diversas engrenagens interligadas. Quando uma engrenagem deixa de funcionar corretamente, ela afeta todo o sistema. O empresário precisa ter acesso as todas as informações relevantes, tais como: vendas no período, custo do produto ou serviço, fluxo de caixa no período, balancete da empresa no último período (pelo menos último trimestre), estratégias de vendas que a empresa adotou e o retorno sobre o investimento”, salientou o professor Carlos Afonso.
De fato, são muitas informações acessadas pelo comandante da empresa, principalmente em um mundo corporativo tão complexo e com diversos aspectos. Mas, além disso, é fundamental estar cercado de bons profissionais para lograr o êxito nos negócios.
Dicas:
Converse com um contador: a pandemia tem trazido uma verdadeira avalanche de alterações na legislação vigente, principalmente no que diz respeito à parte fiscal e trabalhista. Converse com um contador para entender como essas mudanças impactam no negócio.
Controle o caixa: em tempos de crise o caixa é rei. Mais do que nunca o controle precisa ser muito efetivo. Controle-o de forma rigorosa.
Estrutura de custos: durante a pandemia a estrutura de custos da empresa foi impactada? Ou ela permanece exatamente a mesma? Fique atento, pois a mudança na estrutura de custos afetará a margem de lucro do negócio.
Cuidado ao contratar linhas de crédito: diversas linhas de crédito oferecidas pelos bancos com taxas de juros subsidiadas possuem condições específicas, como não distribuir lucros ou dividendos com esses recursos ou não demitir funcionários, enquanto o empréstimo estiver sendo pago. Fique atento.
Invista em marketing: quem não é visto não é lembrado. É importante investir em marketing para trazer mais clientes para o negócio e destacar-se da concorrência.
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