Com a crise financeira provocada pela Covid-19, a taxa básica de juros (Selic) atingiu seu menor nível histórico. Com os juros mais baixos, as taxas de financiamento imobiliário também precisaram recuar. Desde o começo de 2020, a Selic foi cortada de 4,5% para 2% ao ano.
Assim, se a taxa de financiamento imobiliário no início de 2020 era de cerca de 9% ao ano , hoje, as principais instituições financeiras praticam taxas anuais abaixo de 7%, segundo o simulador de juros Melhortaxa.
Diante desse cenário, o custo do crédito imobiliário nunca foi tão baixo no país. Isso reacendeu o desejo dos brasileiros de comprar um imóvel, o que é bom também para quem quer vender.
A corrida dos bancos
A queda dos juros aumentou a concorrência entre os bancos, o que trouxe novas possibilidades para o consumidor. Um exemplo disso foi a nova modalidade de crédito imobiliário lançada pelo Itaú em setembro. O financiamento prevê correção pela poupança mais taxa fixa de 3,99% ao ano.
Assim, com a taxa de juros Selic a 2% ao ano e o rendimento da caderneta de poupança em 1,4% ao ano, o Itaú está oferecendo financiamentos para quem quer comprar um imóvel pagando uma taxa de 5,39% ao ano.
Já a Caixa Econômica Federal lançou nesse ano uma modalidade de crédito imobiliário com taxa fixa e juros a partir de 8% ao ano, além de um pacote de medidas que visam melhorar as condições de financiamento.
Nesse pacote, ela engloba os custos de cartório e ITBI no financiamento e reduz a burocracia de 45 para 5 dias. A expectativa é de que os outros bancos não fiquem de fora, e que também ofereçam taxas e condições de financiamentos competitivas.
Mas como a pandemia ainda não acabou, os bancos não podem ignorar os riscos de inadimplência. Por isso, ficaram mais seletivos na concessão do crédito imobiliário. Por sua vez, os consumidores também passaram a assumir dívidas com mais cautela.
A tendência é de alta nos preços
Além da maior procura por imóveis, a expectativa do mercado é de que a taxa Selic também aumente em 2021. Consequentemente, o valor dos imóveis e do crédito imobiliário também aumentarão.
Assim, quem pretende comprar imóvel para vendê-lo deve aproveitar o momento para fazer uma boa compra e, depois, vendê-lo quando o mercado estiver em alta. Prova disso é que a média nacional de valorização imobiliária nos últimos três meses foi de 10,5% de acordo com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).
O momento também é propício para quem deseja comprar um imóvel para alugá-lo. O Índice Geral de Preço-Mercado (IGP-M), tradicionalmente utilizado para corrigir os aluguéis, subiu quase 20,93% em 12 meses, o maior patamar acumulado em 17 anos. Se o ritmo de crescimento desse índice se mantiver nos próximos meses, será possível lucrar com a alta no preço dos reajustes do aluguel.
É hora de comprar o imóvel?
Com juros baixos, mais competição entre as instituições financeiras e perspectiva de reaquecimento do mercado, será que esse realmente é o momento ideal para a compra de imóvel? Os especialistas da CFL Imóveis acreditam que sim e explicam o porquê.
Segundo eles, embora as taxas de financiamento possam cair ainda mais, é recomendável procurar por um imóvel neste momento. Isso porque a queda da Selic pressionará a demanda, o que fará com que os preços voltem a subir.
Por isso, ficar à espera de taxas menores pode não ser uma boa ideia. Além disso, caso o consumidor encontre linhas de crédito mais favoráveis, ele tem a chance de fazer uma portabilidade de financiamento. Ou seja, ele pode levar a sua dívida para outro banco que ofereça taxa menores caso os juros baixem no futuro.
No entanto, alertam os analistas, o consumidor não deve considerar apenas os juros do financiamento. Também é importante avaliar os custos com taxas e seguros, o valor das parcelas e o tempo de endividamento.
Mesmo que o momento seja ideal para a compra do imóvel, isso só deve ser feito por quem já tem alguma renda e fez um planejamento financeiro de longo prazo. Afinal, vivemos em um cenário de incertezas e fazer um alto investimento, como a compra de um imóvel, pode acabar virando uma dor de cabeça.
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