Na tarde de 18 de março, o Brazil-Florida Business Council, Inc., promoveu um webinar para abordar o “Panorama do Mercado de Capitais em 2021: Perspectivas e Estratégias”.
“Tendo em vista que 2021 se desenha um ano com expectativas altamente positivas para o setor de M&A e mercado de capitais, a discussão de hoje não poderia ser mais relevante”, com essas palavras, Sueli Bonaparte, presidente do Brazil-Florida Business Council, Inc., abriu o evento e apresentou os participantes da atividade, entre eles o moderador do painel, Alexandre Pierantoni, que é Managing Director & M&A Head of Brazil Corporate Finance, da Duff & Phelps, e os expositores do tema Alberto Camões, que é sócio-fundador & CEO, da Stratus Group, Leonardo Di Cola, que é sócio, da Madrona Advogados, Daniel Maeda, que é Superintendente de Relações com Investidores Institucionais, da CVM e Leonardo Resende, que é gerente de Relacionamento, Novas Listagens, IPO e Capital Markets, na B3.
O painel conduzido por Alexandre Pierantoni aconteceu de forma dinâmica, onde o moderador convidou Leonardo Resende para falar sobre o crescimento de investimentos. Resende relatou uma grande evolução de alguns anos para cá, onde existiam 500 mil investidores de pessoas físicas e hoje a marca já passa de 3 milhões.
Pierantoni afirmou que o mercado está seletivo, e que tudo isso não iria acontecer se a CVM não estivesse dentro de um órgão mais regulador, assegurando que é um desafio para qualquer país do mundo se adaptar nesse novo momento, de alteração e simplificação dos modelos de abertura de capital.
De acordo com a perspectiva de Daniel Maeda, o mercado é dinâmico e tem tramitado com velocidade, acompanhar as tendências de mercado do Brasil e exterior é fundamental.
“Mercados mais líquidos e diversificados são por si só os melhores e mais seguros para o investidor, sendo mais difícil manipular um preço e operar com informação privilegiada, tornando-se mercados mais transparentes”, assegurou o Superintendente de Relações com Investidores Institucionais, da CVM.
Maeda também falou da universalização em direção ao exterior garantindo que os mercados do Brasil e EUA estão cada vez mais interconectados, ressaltando que é assim que o mundo caminha.
Leonardo Di Cola abordou a estruturação de fundos e como tem sido a demanda por produtos mais estruturados, tendo em vista que muitas pessoas saíram da renda fixa e precisam se alocar.
Di Cola reconhece um esforço do regulador local e da melhora das regras brasileiras na audiência pública, na indústria estrutural e de fundos, porém, ainda existem algumas amarras que são muito diferentes do que se vê fora do Brasil. “Essa modernização das regras de ofertas, facilita e simplifica o processo de registro de investidores no país”.
Na visão de Alberto Camões, o Brasil precisa continuar competitivo, segundo estatísticas, o private equity é de duas ou três vezes maior que os IPOs do mundo inteiro, em número de transações, e em tamanho financeiro.
“São investimentos muito grandes e nós estamos muito felizes com o que está acontecendo no mercado de capitais brasileiro. O investidor financeiro tem sucesso nas empresas que ele leva para abertura de capital, porque ele prepara as empresas para isso, para estar bem posicionada em todas as questões de Environmental, Social and Governance – ESG, private equity e Venture Capital”, afirmou o sócio-fundador & CEO, da Stratus Group.
Leonardo Resende concorda com Camões que é importante implementar a governança corporativa para dentro da sua investida, alertando que mais da metade das companhias que fizeram IPO dos últimos 10 anos são investidas da private equity. “A indústria é parte essencial para o mercado de capitais brasileiro para fomentar e trazer novas companhias e provocar o uso de capitais”, garante.
Na opinião de Daniel Maeda, existe uma necessidade de oferta de produtos ESG e essas grandes corporações precisam ocupar esses espaços, criando produtos e serviços.
Depois de debaterem as estratégias e perspectivas do mercado, Alexandre Pierantoni, propôs aos palestrantes finalizarem o painel expondo os desafios socioeconômicos, políticos, de saúde e de estrutura das Reformas Tributárias e Administrativas que afetam o dia a dia dos investidores.
Pierantoni falou que acredita em um cenário positivo com a recuperação da economia e questionou como aumentar a produtividade no país.
Na percepção de Alberto Camões, o Brasil tem muitos mercados pulverizados, diferentemente de outros países, isso ocorre por causa dos juros altos. “Defendo um otimismo cauteloso, nós vimos o que aconteceu com a economia brasileira que cresceu com a superinflação e juros altos durante décadas, agora começamos a ver a saída da renda fixa para economia real, a bolsa é o caminho para isso”.
Daniel Maeda segue o raciocínio de Camões, alegando que o Brasil não é um país simples de entender, é bastante complexo, afirmando que é necessária uma diligência mais profunda. Porém, no Brasil existem muitas oportunidades para que essa diligência seja bem remunerada.
“A liquidez internacional vai continuar como está, e nesse contexto também eu me aliaria aos otimistas”, assegurou Maeda.
Já Leonardo Resende disse que são grandes vias para percorrer, mas que todos devem continuar trabalhando para ser referência nas companhias e investidoras.
Leonardo Di Cola, por sua vez, apoiou a opinião dos colegas ao comentar que existem muitos desafios, mas que essas mudanças vão gerar riquezas para o Brasil.
O webinar foi encerrado por Sueli Bonaparte, que destacou a importância do debate para o Brazil-Florida Business Council, Inc., para mostrar as possibilidades de investimentos não só para os investidores brasileiros, mas também para os investidores estrangeiros. “O Brasil tem potencial em vários setores e conta com o otimismo e resiliência dos profissionais brasileiros”, concluiu.