Pois muito bem, trabalhos encerrados, pauta da semana escolhida, pego o meu cafezinho, procuro um cantinho gostoso pra ver a última neve do ano e ler a minha recém chegada Fast Company, cuja capa é “As 50 empresas mais inovadoras do mundo“. Primeira colocada: Buzzfeed. Ainda essa semana meu esposo e eu conversávamos sobre o Buzzfeed. Ele, assim como a blogueira Maria Popova – guardem esse nome, falaremos sobre essa moça muito em breve – não é um fã da proposta comercial do site. Eu, que o visito diariamente, guardei aquela opinião em algum lugar da memória e continuei com meus afazeres. Não contive, no entanto, meu entusiasmo quando li sobre o “Pound”, uma ferramenta que ajuda a startup a entender o mecanismo por trás dos compartilhamentos on line, e o que faz com que um conteúdo viralize. Muda a pauta, começam as pesquisas, vamos falar de Buzzfeed!
O Buzzfeed é um site especializado em listas e conteúdo viral que foi fundado por Jonah Peretti. Jonah iniciou a sua carreira no Huffington Post e, em 2011, quando o AOL adquiriu a HuffPo por U$315 bilhões, ele passou a se dedicar integralmente ao site. Inicialmente associado ao funcionário entediado no trabalho que precisava de uma distração simples, o Buzzfeed cresceu muito e muito em razão da antecipação do CEO, sabido conhecedor dos comportamentos da internet. Percebendo que as pessoas não abrem mão de mobilidade, ele resolveu mudar a estratégia da empresa e, ao invés de focar no aumento do tráfego do site, começou a produzir diferentes tipos de conteúdo para diferentes tipos de plataforma, do Facebook a recém segunda opção dos brasileiros para quando o WhatsApp sair do ar, Telegram. O Buzzfeed quer estar aonde a audiência está. O fenômeno é novo, dois anos, e os resultados mais do que satisfatórios, 5 bilhões de visualizações mensais, entre todas as plataformas usadas, enquanto o tráfego do site permanece estável, 80 milhões de visualizações nos Estados Unidos todo mês. Os planos de expansão não são tímidos e englobam Reino Unido, Índia, México, Austrália, “Com o Buzzfeed eu sempre quis crescer e impactar. Vamos fazer disso algo gigante”, disse Jonah na entrevista `a Fast Company.
O sucesso do site se deve em grande parte a um massivo controle e análise de dados que determina o que será criado e como será distribuído, e é aí que entra o Pound. Funciona assim: “você acha um artigo interessante no Twitter e posta no Facebook, um dos seus amigos compartilha entre os amigos dele, uma dessas pessoas o reposta no Twitter”, explica Adam Kelleher, engenheiro responsável pelo projeto. O Pound liga os pontos através de um “gráfico de propagação”. “O Facebook sabe o fluxo do conteúdo apenas na sua própria rede, eles não sabem como ele se conecta com as outras”. Outro dado importante analisado pelo Pound é a “taxa de propagação entre dois pontos”, numa tradução literal, que mede o tempo médio que uma peça leva para se propagar entre duas pessoas e se acontece de modo ascendente, o que determina se aquela peça irá viralizar, ou, nos padrões do Buzzfeed, se ela será “mega-vi”, mega-viral – acrescente já esse termo ao seu vocabulário!
Peretti transformou o Buzzfeed numa máquina de fazer memes e todos os aspectos do processo são muito bem calculados para saber exatamente o que fará você clicar, conteúdo produzido em escala industrial, para fazer você compartilhar e gerar receita para o site. Eles usam o conhecimento gerado pelo Pound para produzir comerciais tão “clicáveis” quanto os memes de gatinho que você certamente já compartilhou nas suas redes. Nike, GE e Pepsi são alguns dos clientes do site. Essa prática, que costumava ser rechaçada por qualquer veículo de informação minimamente respeitável, é a maior fonte de receita do site, que possui um aparato cinematográfico tão sofisticado capaz de causar inveja em qualquer grande produtora.
O Buzzfeed emprega aproximadamente 1200 pessoas e está avaliado em U$1.2 bilhões. No Brasil, já se tornou um dos sites mais acessados e compartilhados. Lançado em outubro de 2013 apenas traduzindo o conteúdo do site original, começou a produzir suas próprias matérias, em março de 2014, e a construir uma identidade mais brasileira.