A “virada no varejo” em 2017 no Brasil depende de coragem para adaptar-se a nova realidade do consumidor.
O comércio varejista brasileiro terminou 2016 com o pior resultado da série histórica da Pesquisa Mensal de Comércio, iniciada em 2001 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com retração de 6% nas vendas do varejo, queda de 3.2% no Produto Interno Bruto (PIB), inflação de 6,8% e mais de 12 milhões de desempregados, o cenário econômico brasileiro negativo de 2016 intensificou o nível de exigência do consumidor, que passou a adotar novos comportamentos de consumo.
A Fecomercio SP (Federação de Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) projeta para 2017 um crescimento de 2% no varejo. A previsão de retomada do setor é lenta devido a uma perda projetada em R$ 10,5 bilhões, decorrente do grande número de feriados nacionais que emendam com finais de semana. Para o coordenador do MBA em Gestão do Varejo e Administração de Shopping Center da Universidade Positivo (UP), Leandro Krug Batista, este é o ano da “virada do varejo”. “O aumento do índice de confiança do consumidor, a inflação baixa e a queda no juros pode ser a combinação perfeita para uma reação imediata” – comenta Leandro. Para isso o setor precisa se adaptar rapidamente às mudanças e pensar em novas estratégias para atrair e engajar o público e lutar para manter as portas abertas em 2017. “O principal efeito da crise é no comportamento do consumidor, que fica mais seletivo. Por isso, é preciso ajudar o cliente a comprar o melhor e da melhor forma”, explica.
As principais tendências para o varejo mundial em 2017 foram apresentadas na NRF Retail’s Big Show 2017, maior evento mundial do varejo, realizado de 15 a 17 de janeiro, em Nova Iorque. Segundo Batista, algumas das tendências apresentadas na feira já estão sendo aplicadas no mercado nacional e devem se intensificar entre as redes que querem se destacar na cabeça e no coração do consumidor. São elas:
1. Omnichannel
Percebe-se que o varejo tradicional feito da loja física continua forte e continuará por muito tempo, mas presença online, pela combinação de smartphones e ferramentas sociais, faz cada vez mais parte do processo de consumo dos consumidores, desde o despertar do desejo de produtos e serviços até a busca de informações e a tomada de decisão de compra. Por isso, a integração de canais online e off-line é inevitável e a estratégia omnichannel já dá os primeiros sinais aplicados no Brasil. O grande desafio, segundo Batista, não é a tecnologia, que está cada vez mais acessível, mas a mentalidade estratégica das organizações brasileiras, que ainda oferece resistência interna às mudanças.
2. Experiência
A geração Y, também conhecida como millennials, é a geração da experiência. Os jovens nascidos entre 1980 e 2000 valorizam mais a experiência e felicidade do que a posse de produtos. No Brasil, cerca de 30% da população é composta por millennials, segundo o IBGE. Por isso, fica evidente que o varejo não pode mais entregar apenas produtos. As empresas que fizerem apenas isso serão facilmente descartadas. A loja deve estar preocupada com toda a experiência de compra do cliente e essa experiência deve ter uma forte conexão emocional.
3. Tribos em vez de Segmentos
As tribos não podem ser ignoradas no processo de consumo, muito pelo contrário: lojas que conseguem acolher tribos específicas, valorizando as emoções, falando a linguagem dela, seguindo seus valores, seus ritos, conseguem uma maior lealdade. Nesse caso, o consumo assume a forma de culto e os produtos tornam-se objetos de veneração. “Não é mais possível classificar clientes apenas pela idade, renda e gênero” – comenta Leandro
4. Tecnologia e big data
Wi-Fi, Bluetooth, QR Code, sensoriamento RFDI e câmeras usadas para captação de vídeo em aplicações de segurança, mapeamento de tráfego e reconhecimento facial são algumas das tecnologias que vieram para ficar. Será cada vez maior a utilização de painéis de gestão de clientes com muitos dados a respeito dos perfis de consumidores que entram na loja, quanto tempo ficam, o que olham e o que levam. Resta aos varejistas saber utilizar esses dados de forma inteligente e não invasiva.
5. Transparência e agilidade
As empresas estão sendo avaliadas o tempo todo – e em tempo real – na internet. Vídeos, fotos, e relatos são compartilhados e ganham um alcance nunca antes imaginado, capaz de destruir qualquer marca. Como contra fatos não há argumentos, o varejo terá que ser cada vez mais transparente. A agilidade nas respostas às reclamações e denúncias é capaz de desmentir boatos e esclarecer os fatos junto ao público antes que a informação se espalhe e fique fora de controle. É importante também se colocar no lugar do cliente e responder sempre com humildade. Arrogância não combina com lealdade.
Sobre a Universidade Positivo – A Universidade Positivo (UP) concentra, na Educação Superior, a experiência educacional de mais de quatro décadas do Grupo Positivo. A instituição teve origem em 1988 com as Faculdades Positivo, que, dez anos depois, foram transformadas no Centro Universitário Positivo (UnicenP). Em 2008, foi autorizada pelo Ministério da Educação a ser transformada em Universidade. Atualmente, oferece 56 cursos de Graduação (31 cursos de Bacharelado e Licenciatura e 25 Cursos Superiores de Tecnologia), três programas de Doutorado, quatro programas de Mestrado, centenas de programas de Especialização e MBA e dezenas de programas de Extensão. Em Curitiba, a UP conta com três campus: Ecoville, que ocupa uma área de 424,8 mil metros quadrados, Praça Osório, no centro da cidade, e Mercês – Catarina Labouré. Lançou, em 2013, seu programa de Educação à Distância, com dezenas de polos em todo o país. É considerada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) a melhor universidade privada do Paraná, pelo quarto ano consecutivo.