Dez em cada dez empreendedores brasileiros se perguntam hoje quando e como o país vai sair da crise político-econômica em que se encontra, sendo capaz de retomar o bom caminho do crescimento e da solidez. A grande questão no mundo corporativo atualmente é: as empresas conseguirão sobreviver e prosperar mesmo com o cenário macroeconômico em turbulência?
Bem, não há fórmulas matemáticas para o problema e a Economia está longe de ser uma ciência exata. A História nos mostra, porém, que os movimentos de avanço e retração são cíclicos, e, portanto, o cenário atual vai passar. Antes de melhorar, porém, não nos enganemos: devemos nos preparar para uma piora.
Dentro desta lógica, os empreendedores precisam enxergar com clareza que o impulso para sua sobrevivência e crescimento não virá do cenário macroeconômico.
Performance e controle operacional são fundamentais para diferenciação no médio e longo prazo. Sem esses elementos, empresas não serão financeiramente saudáveis em nenhuma situação, quanto mais em momentos de crise. Robustez no modelo de negócios e base de clientes ampla, não dependente de poucos grandes compradores, são também chaves para o sucesso. Ou seja, as empresas com lição de casa em dia são as que passarão com menos dificuldade pelo momento atual, não há milagre!
E quanto a buscar no mercado aportes e investimentos para estruturar, fazer crescer e revitalizar os negócios? Esse é o momento? A resposta é: definitivamente sim. Há dinheiro e investidores disponíveis, mas os critérios para se conseguir dinheiro estão mais rígidos.
Pensando nisso, elencamos alguns pontos de atenção e dicas que podem auxiliar empreendedores e empresas em busca de investidores a terem êxito nesta jornada:
1-) Geração de caixa e resiliência de receita. Esse é um ponto essencial para atrair aportes. Uma empresa será atrativa aos olhos de investidores se contar com uma carteira pulverizada, receita recorrente, contratos de longo prazo e equilíbrio operacional.
2-) Disciplina e comprometimento. Parece básico, mas muitos negócios e empresários carecem dessas habilidades. A empresa tem um plano de negócios definido? Qual o faturamento que se pretende atingir no curto, médio e longo prazo? As metas são perseguidas e acompanhadas sistematicamente? O futuro investidor certamente levará isso em consideração, se a empresa foi construída para durar, para ser um projeto de vida longa, rentável para os sócios, os funcionários e o país.
3-) Alinhamento cultural e de valores. Há muitos tipos de fundos de investimentos no mercado: os mais ativos, atuantes, que acompanham de perto, opinam e contribuem; os mais passivos, que têm sua participação, mas acompanham de longe a atuação da investida; fundos com participações pequenas; participações majoritárias, etc. Entenda bem qual o perfil da sua empresa e busque um fundo que tenham um estilo que case com o que você acredita e com as necessidades de seu negócio. Só assim investidor e investida conseguirão trabalhar lado a lado para fazer um sonho se tornar real.
4-) Preço certo. O cenário macroeconômico contribuiu para as empresas chegarem a um valuation mais correto. Se o preço da sua empresa estiver super ou subvalorizado, não vai atrair o interesse e a confiança de investidores. Um valor justo na entrada é essencial, sem ele o fundo não gera retorno.
5-) Flexibilidade. Para uma parceria de sucesso com futuros investidores, o empreendedor precisa estar aberto para receber as contribuições no que se refere a conhecimento operacional, contatos no mercado, troca de experiências passadas, networking, etc.
*Maurício Lima é sócio-fundador da Invest Tech, Boutique de Investimentos focada na gestão de fundos de Venture Capital e Private Equity para o mercado de Tecnologia da Informação e Comunicações (TIC).