Brasil começa a produzir grão-de-bico para o mercado asiático.
A expectativa é selecionar as cultivares com melhor adaptação às condições ambientais brasileiras.
A Fazenda Alvorada, em Cristalina (GO) iniciou a colheita da primeira safra de grão-de-bico cultivada para atender a demanda da Índia.
A safra é fruto de experimentos coordenados pela Embrapa, em parceria com a empresa indiana UPL.
“Nós, brasileiros temos uma oportunidade, mais uma vez pela mão da Embrapa, com gente daqui, desta fazenda, de investir, investigar e fazer”;
Disse o ministro Blairo Maggi, que acompanhou o início da colheita.
A pesquisa desenvolvida em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul;
Tem como objetivo avaliar o potencial produtivo de quatro cultivares (duas indianas e duas nacionais) em três diferentes épocas de plantio, abril, maio e junho.
“Percebemos uma grande oportunidade que é.
Essa mercadoria, quando exigida pelo mercado internacional, deverá ser fornecida por alguém, e nós queremos ser os grandes fornecedores.
Temos algum tempo para desenvolver variedades, descobrir quais são as melhores em cada um desses locais”;
Disse o Ministro Maggi.
A colheita De acordo com informações do Ministério da Agricultura, a primeira colheita da safra de grão-de-bico;
É resultado da visita de Maggi à Índia no final de 2016, quando o país mostrou interesse em importar do Brasil leguminosas de grãos secos, as chamadas pulses.
Também fazem parte desse grupo o feijão-caupi, feijão-mungo, grão-de-bico e lentilha.
Na ocasião, a UPL anunciou investimento US$ 100 milhões, por meio da parceria com a Embrapa;
No desenvolvimento e produção de pulses no Brasil para exportar ao mercado indiano.
De acordo com a Embrapa, a demanda da Índia por esses produtos cresce de forma expressiva.
A projeção é que possa chegar a 30 milhões de toneladas por ano até 2030.
Como o ciclo do grão-de-bico gira em torno de quatro meses;
As primeiras colheitas iniciam-se agora, entre o final de agosto e o início de setembro;
E a expectativa é selecionar as cultivares com melhor adaptação às condições ambientais brasileiras.
Autossuficiência Atualmente, o Brasil depende de importações para suprir o consumo anual de oito mil toneladas;
Mas pesquisas recentes da Embrapa visam tornar o país autossuficiente e com potencial para exportação.
Período seco, clima favorável e médias altitudes tornam algumas regiões brasileiras aptas para o cultivo de grão-de-bico;
Leguminosa rica em proteína que é originária do Oriente Médio.
O pesquisador Warley Nascimento, chefe-geral da Embrapa Hortaliças (Brasília, DF) afirmou que a parceria vai render ganhos para ambos os países.
“Com base na definição das cultivares mais produtivas e adaptadas, será possível fomentar a produção nacional, minimizar a importação e, principalmente, exportar para a Índia e para outros países asiáticos onde é grande o consumo”.
Além de ser o segundo país mais populoso do mundo, com 1,3 bilhão de habitantes;
A Índia se destaca por grande parte da população, cerca de um terço, ser vegetariana.
Essa é uma das razões de o grão-de-bico ser uma das principais fontes de proteínas consumidas no país. De acordo com o Banco de Dados de Estatísticas do Comércio Internacional das Nações Unidas (UN Comtrade), somente em 2016, a Índia importou 873 mil toneladas de grão-de-bico, o que equivale a US$ 688 milhões em volume de negócio.
Consumo no Brasil Em 2016, o Brasil importou cerca de oito mil toneladas de grão-de-bico;
Principalmente do México e da Argentina, quantia correspondente a menos de 1% das importações indianas.
“Hoje, temos material genético e tecnologia de produção para alcançar a autossuficiência e vislumbrar exportação para os principais mercados consumidores da leguminosa”;
Disse Nascimento, destacando que a cultura tem apresentando ótimo desempenho no período do inverno, em áreas irrigadas e mecanizadas.
A cultura do grão-de-bico é suscetível a doenças do solo, como nematoides-das-galhas.
Por isso, uma das linhas de pesquisa da Embrapa tem testado diferentes plantas com o intuito de identificar uma fonte de resistência para subsidiar o melhoramento genético e obter cultivares resistentes ou tolerantes.
Os agrônomos também buscam entender a dinâmica populacional de diferentes gêneros de nematoides no plantio;
Quando em rotação com a cultura da soja, que é vulnerável ao nematoide-das-lesões e o nematoide-de-cisto-da-soja.
Experimento em Campo Novo do Parecis (MT), iniciado em março deste ano, acompanhou infestação da lavoura de grão-de-bico em quatro momentos:
Plantio, florescimento, formação dos grãos e colheita.
“Os resultados preliminares indicaram tendência de redução do nematoide-de-cisto-da-soja ao longo do ciclo do grão-de-bico”;
Segundo o pesquisador Jadir Pinheiro, da Embrapa Hortaliças (Brasília, DF), que faz uma ressalva.
“A diminuição da população de nematoides vai depender do material genético de grão-de-bico cultivado”, diz.
O Ministério da Agricultura informou que ainda haverá a coleta de dados em um ciclo de soja;
E em outro ciclo de grão-de-bico para consolidar os resultados mas os primeiros indícios foram promissores para, no futuro próximo, indicar a leguminosa como alternativa ao cultivo da soja.
Fonte: http://sfagro.uol.com.br