Por Marcelo Lombardo
Dois fenômenos muito interessantes aconteceram de 2010 para cá no mundo dos sistemas de gestão: primeiro, as grandes e médias empresas – que formam o principal mercado consumidor dos ERPs – já foi quase que totalmente tomado pelos fornecedores tradicionais. Portanto, a única forma de crescer para essas empresas de tecnologia consolidados é tentar buscar a camada de baixo, mirando clientes cada vez menores.
Ao mesmo tempo, o governo deu uma ajuda: passou a gradativamente exigir mais e mais das pequenas empresas. Os especialistas dizem que o modelo tributário chamado de “Simples Nacional” já não é tão simples assim, e em muitos estados da federação as PMEs já precisam entregar SPED como qualquer multinacional gigante. Essa crescente pressão de compliance fiscal e organizacional faz com que a caneta e papel ou ainda o Excel não sejam mais suficientes. Todas as pequenas empresas necessitarão, mais cedo ou mais tarde, de um sistema de gestão. Isso traz para o baile do ERP milhões de novos clientes potenciais, dando uma super oxigenada no mercado!
Entretanto, esses tradicionais fornecedores de ERP tomaram o rumo mais previsível (e menos inovador) para tentar atender esse novo mercado: pegaram aquele sistema feioso de quase 30 anos de estrada, todo remendado e construído com tecnologia legada dos anos 90, cortaram algumas funcionalidades aqui e ali, rebatizaram com um nomes do tipo “First”, “Light”, “One”, etc. e tentaram empurrar esse dinossauro moribundo garganta abaixo da PME. Não precisa dizer o resultado: sem preço adequado, sem produto moderno, sem estar focado na usabilidade, estão falhando miseravelmente.
Uma consequência desse novo mercado que se formou foi a aparição, quase que da noite para o dia, de dúzias de fornecedores de sistemas de gestão em nuvem que denominam a si próprios de “simples” e de “baixo custo”.
Seria essa a nova geração que substituirá os dinossauros? Evidentemente que sim, mas temos dois (grandes) poréns.
O primeiro problema é o alcance de público alvo. Empresas de maior porte normalmente precisam customizar o ERP para adaptá-lo às suas práticas. Independente dessas práticas serem as melhores ou não, os novos sistemas de gestão na nuvem possuem baixo custo por serem padronizados, não permitindo adaptações ou customizações específicas. Em outras palavras, nenhum fornecedor que entende o jogo do mercado de massa das pequenas empresas vai fazer desenvolvimentos específicos para apenas um cliente, e certamente esse cliente manterá o dinossauro ainda vivo por um bom tempo.
O segundo e principal problema é o grau de profundidade (ou falta de profundidade) desses novos sistemas de gestão na nuvem. Eles se intitulam “simples”, mas na verdade são “simplórios”. Como eu já disse outras vezes, essas duas palavras são muito parecidas, porém na verdade são opostas:
Simples é completo, sofisticado, é algo que encapsula a complexidade dos negócios através de uma interface fácil de usar. Agora simplório é despojado, incompleto, pobre. Simplório é ignorar a existência da complexidade tentando tapar o sol com a peneira, normalmente se aproveitando da falta de conhecimento do cliente inexperiente. Resumindo em uma única palavra bem popular, simplório é tosco.
O que mais atrapalha essa nova geração de ERPs na nuvem é que 99% deles se dizem simples, mas na verdade são toscos.
A consequência dessa “tosquice” pode ser observada diretamente nas altíssimas taxas de churn dessas novas empresas. Esse termo, comum nos mercados de telecomunicações, reflete o percentual dos clientes que cancelam ou param de utilizar o serviço dentro de um período. No caso da maioria dessa nova geração de ERPs, o churn chega a índices incríveis como 30% a 60% ao ano, ou seja, toda a base de clientes de um fornecedor desses vai para o lixo em um prazo médio de 2 anos, o que é bastante ruim quando levamos em conta todos os gastos com marketing para adquirir cada cliente. No caso do ERP dinossauro, essa taxa não passa de 10% ao ano, elevando neste caso o tempo médio de permanência do cliente para cerca de 10 anos.
Mas por que essas novas empresas de software de gestão na nuvem escolhem ser toscas ao invés de simples? Pelo que pude identificar analisando diversas delas, na maioria das vezes não é uma escolha consciente. É puro desconhecimento de quais são as reais necessidades de negócio das empresas e até das exigências legais. Um exemplo desse total desconhecimento pode ser notado em alguns players de nome já expressivo no mercado, que chegam ao absurdo de tornar opcional a emissão de nota fiscal em seus sistemas, facilitando e automatizando o caixa dois. Acho que eles sequer fazem ideia que estão sendo cúmplices de um eventual crime de sonegação fiscal cometido por algum de seus clientes (quero crer que fazem isso por ignorância e não por má fé).
Mas o ERP tosco não é de todo ruim. É fato que uma gestão superficial é melhor do que nenhuma gestão, mas por outro lado é uma chance perdida, pois a superficialidade do ERP tosco não gera um real ganho de tempo e agilidade para a empresa, e certamente vai frustrar as expectativas – o que explica o alto índice de churn.
Concluindo, não há dúvidas de que a nuvem chegou para trazer ofertas muito mais adequadas, modernas e de baixo custo para as pequenas empresas, porém tente descobrir antes se a solução na qual você está embarcando é realmente simples e não tosca, assim você evita perder tempo, dinheiro e se frustrar.
Marcelo Lombardo é idealizador do produto Omie e CEO da Omiexperience.
Sobre Omie: www.omie.com.br
Omie é um ERP que oferece uma plataforma completa de gestão empresarial na nuvem para controlar todos os processos financeiros, de CRM, vendas e serviços, além de emissão de boletos e NF-e, com foco em PMEs. Com um visual simples e intuitivo, o sistema é muito fácil de ser operado e todas as informações fiscais e contábeis são integradas automaticamente com o contador, independente do software que ele utilize. Tudo isso, sem limites de usuários ou cobranças adicionais. “Ter uma gestão confiável é crucial para que uma empresa possa crescer. Acreditamos nisso e desenvolvemos um ERP capaz de atender as necessidades do negócio e ainda ser atrativo ao usuário”, esclarece Marcelo Lombardo, sócio-fundador da Omiexperience.