O efeito real sobre o impacto da robotização no número de empregos é incerto.
Defensores do processo, visto como irreversível, afirmam que diversas profissões vão desaparecer.
Mas outras surgirão, a exemplo do que ocorreu nas revoluções industriais anteriores.
“Em países com maior índice de robotização, como Coreia, Cingapura, Japão e Alemanha, a taxa de desemprego é baixa”;
Diz o presidente da ABB no Brasil, Rafael Paniagua.
De acordo com dados de 2015 e 2016, nesses países o desemprego varia de 2,2% a 6,1% da população economicamente ativa (ver quadro acima).
O Brasil, apesar do baixo índice de robotização, registrou taxa de desemprego de 11,6% em 2016, decorrente em boa parte da crise econômica.
“Estamos vivendo o desemprego conjuntural, mas a reorganização do processo produtivo também terá impacto no desemprego estrutural”;
Afirma o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Aroaldo Oliveira da Silva.
Ele reconhece, porém, que se o Brasil não acompanhar a transformação industrial muitas empresas podem levar a produção para outro local.
“Na Alemanha, onde nasceu a Indústria 4.0, sindicatos e governo buscam intensificar a qualificação dos trabalhadores;
No Brasil ainda não vemos essa preocupação por parte do governo.”
Para Marcelo Cioffi, da PwC, é certo que o mercado de trabalho será impactado, mas ao longo dos anos haverá uma acomodação.
“Novas tecnologias promovem mudanças no mundo todo e profissões deixam de existir, mas outras surgem.” O Brasil levará um bom tempo até essa etapa.
Para ele, uma onda consistente de robotização pressupõe altos investimentos e;
No momento, a maioria das empresas não está preparada para essa mudança radical.
“Além disso, embora alto, o custo da mão de obra brasileira ainda é menor do que em muitos países e, por isso, vários processos de automação devem ser postergados.”
José Rizzo, presidente da Associação Brasileira de Internet Industrial;
Defende uma mobilização entre empresas, governo e sociedade para qualificar as pessoas e facilitar o empreendedorismo.
“É preciso repensar a forma de ensino e facilitar a criação de empresas de tecnologia”.
Para Rizzo, ainda que parte dos funcionários perca o emprego, a automação vai salvar as vagas de quem ficar.
“As empresas hoje avaliam quão viável é manter a operação em um país;
Se não for, levam para outro e todas as vagas são perdidas.”
Novos postos e novas profissões.
Na MAN, fabricante de caminhões da marca Volkswagen e onde o uso de robôs será quadruplicado, não haverá cortes.
“Pode até haver contratação”, diz o presidente da empresa, Roberto Cortes.
Para ele, o novo processo produtivo e a nova linha de produtos ajudarão nas exportações, o que pode exigir mais mão de obra.
A meta é ampliar de 15% para 30% a produção para o mercado externo.
As informações são do jornal O Estado de São Paulo.