A internet das coisas é a nova tendência da tecnologia da informação, na qual todo dispositivo, literalmente, terá um endereço TCP/IP e será capaz de se comunicar, interagir, tomar decisões e operar em conjunto com outros dispositivos sem fios. Esse verdadeiro bioma cibernético, que está sendo construído hoje em laboratórios será realidade daqui há alguns anos, tornando cenas de filmes hoje futurísticos, como a saga dos Transformers, pura realidade.
A velocidade em que isso vai ocorrer, dependerá da solução de alguns desafios, de ordem bastante prática. Comecemos pelo principal e mais básico deles, a matriz energética. Todo dispositivo eletrônico necessita de energia elétrica para funcionar. Deste modo, o incremento da demanda por mais energia tende a crescer em progressão geométrica, seja para suportar bilhões de dispositivos interligados por redes wi-fi ou para suportar uma infraestrutura gigantesca de data centers e redes de telecomunicações que também demandarão muita energia. Já vivemos a escassez e o déficit de energia elétrica em muitos países do mundo, sendo tal problema comum a países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Outro gargalo também decorrente de um fator essencialmente ambiental, decorre do fato que todo dispositivo sem fio necessita do espectro radioelétrico para se comunicar, recurso natural escasso, finito e não renovável. Na era da internet das coisas a quantidade de espectro demandada será absurdamente maior que a demanda atual, sendo que hoje, já há problemas de escassez de espectro, principalmente nos grandes centros urbanos devido a concentração de pessoas e dispositivos.
Uma coisa é certa: o mundo vai mudar e muito. Hoje já vivemos muitas situações tidas como ficção científica há poucas décadas atrás. As transformações hoje em andamento prometem literalmente inaugurar um Admirável Mundo Novo, parafraseando o título de um livro de ficção científica escrito por Aldous Huxley e publicado em 1932, que narra um futuro onde as pessoas (ou dispositivos) serão organizadas por castas e pré-condicionadas a comportamentos e padrões psicológicos devido à manipulação biológica. Qualquer coincidência com o projeto genoma não é mera coincidência.
Hoje já estão sendo testados carros capazes de se guiarem sozinhos de um lugar para outro. Graças a sensores, softwares, sistemas GPS, evolução de processadores e banco de dados, os carros em breve serão capazes de se auto-guiarem. A regra áurea para o desenvolvimento da tecnologia da internet das coisas é a não intervenção humana em nenhum processo aliada ao desenvolvimento da inteligência artificial.
A internet das coisas não parará por aí. Será inserida em eletrodomésticos, aviões, bicicletas, literalmente tudo, por isso ?internet das coisas?. O tema ainda gerará muita polêmica, embora para alguns seja fascinante, para muitos será a aurora de um amanhã tenebroso e sombrio, devido a desconstrução (assim como ocorre no livro de Huxley) da sociedade atual que engendrará uma nova humanidade sem padrões morais, religiosos e com um sentido ético certamente bem diferente do atual, não se sabendo ao certo qual será.
Na radiocomunicação, os estudos do SDR – Software Defined Radio ou Radio definido por software, estudado em laboratórios de pesquisas desde os idos de 1980, será a solução para o problema de espectro, pois otimizará faixas de frequência ociosa, assim como o aprimoramento das tecnologias verdes de geração de energia elétrica trará a solução para o abastecimento do novo bioma cibernético, ora em estágio embrionário. Eis uma nova revolução à caminho.
Dane Avanzi é advogado, empresário do Setor de Engenharia Civil, Elétrica e de Telecomunicações e Diretor Superintendente do Instituto Avanzi, ONG de defesa dos direitos do Consumidor de Telecomunicações