Uma pesquisa realizada na Faculdade de Medicina da USP, em Ribeirão Preto, mostra que os estudantes que fazem estágio consomem menos bebidas alcoólicas do que os universitários que não praticam a atividade prática. A explicação é simples: os estagiários têm menos oportunidades de consumo, em razão das responsabilidades e atividades do estágio, o que diminui consideravelmente as chamadas bebedeiras, comum entre muitos universitários.
A pesquisa aponta também que os universitários dos últimos anos consomem mais bebida alcoólica (47,7%) do que os alunos dos primeiros anos (15,4%).
O estudo comprova mais uma vez que continua muito alta a prevalência do consumo de álcool nas universidades. Este fato está ligado a questões culturais, como a nova “liberdade” que os estudantes sentem ao entrar na universidade, muitos deles deixando pela primeira vez a casa dos pais e o controle direto dos familiares. Além disso, muitos alunos, para enturmarem-se, cedem às pressões dos colegas para não se sentirem excluído do grupo.
O CIEE, em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), criou a Campanha Nacional sobre Drogas, promove seminários gratuitos de esclarecimentos para alunos, pais e professores de universidades por todo o Brasil. Nessas ocasiões, especialistas renomados alertam os alunos para temas relacionados ao consumo de drogas lícitas e ilícitas, numa relevante ação preventiva. Recentemente foi realizado o 101.° seminário, na Faculdade de Tecnologia e Ciências de Itabuna, na Bahia.
A pesquisa da USP mostra a necessidade de continuar a investir em formas de esclarecimentos para que os jovens não entrem em um caminho sem fim, como o estudante de engenharia elétrica de Bauru, Humberto Moura Fonseca, morto aos 23 anos, após consumir mais de 20 doses de vodca em uma competição de alunos. O estágio, além de afastar a juventude das drogas, encaminha-os para a experiência de uma nova profissão, o que alimenta ainda um futuro promissor e saudável.
* Luiz Gonzaga Bertelli é presidente do Conselho de Administração do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp.