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Por Lars Bjorkstrom*
Após quatro anos, mais uma edição de Jogos se aproxima e, dessa vez, eles serão realizados no Brasil. Períodos como esse são sempre nostálgicos para mim, pois, em 1980, fui campeão olímpico de iatismo, em Moscou. Nos últimos 28 anos, porém, tenho me dedicado à concepção, construção, transferência, operação e manutenção de Data Centers. E, é curioso notar quantos paralelos podem ser traçados entre essas duas atividades, mesmo sendo tão diferentes entre si.
Na época em que ganhamos o ouro, eu era movido a energia eólica: participava de campeonatos de vela pelos mares do planeta. Os ambientes de trabalho não podiam ser mais diferentes! Entretanto, encontrei muitos desafios semelhantes aos que encontro hoje no meu trabalho em TI.
A necessidade de autonomia dos sistemas de energia em um Data Center, por exemplo, parece muito com a situação a bordo de um barco: não há como buscar socorro a tempo. Na concepção do projeto de um Data Center, deve-se conhecer as condições físicas e regulatórias do local. Na raia, é preciso saber das correntezas, ventos e regras da competição. As demandas para um Data Center são igualmente dinâmicas: adaptabilidade é fundamental, assim como na hora de fazer a regulagem das velas do barco.
Ainda, a integração dos componentes da infraestrutura elétrica, mecânica, civil, de segurança e supervisória é complexa, da mesma forma que a parafernália de cabos, leme, bolina, mastro, velas, indicadores de fluxo de ar e rumos em um veleiro de competição.
A atenção aos mínimos detalhes, nas duas atividades, é condição básica. Em uma regata pré-olímpica, em 1983, por causa de um parafuso que quebrou, o mastro dobrou ao meio e eu fui jogado ao mar. Obviamente, perdi a regata. Um Data Center também está sujeito a pequenos problemas que podem gerar grandes prejuízos. Um ambiente sem a devida limpeza, um pequeno curto na infraestrutura elétrica, uma falha de energia da concessionária em sistemas sem a devida redundância, por exemplo, podem causar uma parada não programada no Data Center. Em todos os casos citados, é essencial dispor de manutenção, não apenas corretiva, mas preventiva, de modo a evitar que as falhas ocorram.
Finalmente, o fator humano tem peso dominante. A soma da experiência da equipe e sua integração permitem ações coordenadas que levam ao sucesso, tanto no esporte quanto na construção de Data Centers.
Em um mundo em que a infraestrutura digital está ficando cada vez mais crítica para a humanidade e, ao mesmo tempo, mais complexa e vulnerável, é preciso estar atento às ondas e ter conhecimento para velejá-las com confiabilidade. Que os ventos estejam sempre a nosso favor! Bons jogos e negócios a todos.
*Lars Bjorkstrom, campeão olímpico de iatismo em 1980, é diretor de P&D da Aceco TI – líder na América Latina em projetos, implantação e manutenção de Data Centers e Centros Integrados de Comando e Controle (CICC).