Uma ação inédita do Disque Denúncia de Recife ajudou a polícia de Olinda a proteger as mulheres de eventual assédio sexual e agressão durante o carnaval de rua desse domingo.
Unido tradição à tecnologia, a instituição criou a sua própria personagem para integrar o desfile dos bonecos gigantes pelas ladeiras de Olinda: A Sentinela do Carnaval. Equipada com uma câmera de segurança, a boneca transmitia informações em tempo real para a central da polícia, com objetivo de garantir mais segurança à festa.
Com visão privilegiada, a Sentinela desfilou pelas ladeiras de Olinda com a câmera à vista e o nome do Disque Denúncia no peito, registrando todos os momentos da festa e encantando as foliãs. A ação contou com o apoio da Secretaria de Turismo e da Secretaria de Segurança Urbana. Enquanto isso, da central, os policiais monitoraram os blocos, podendo identificar eventuais agressores e acionar o policiamento local.
Segundo Paulo Castro, vice-presidente de criação da Agência3, idealizadora da ação, a tecnologia pôde transformar um símbolo do Carnaval de Olinda em uma sentinela para as mulheres, criando, assim, mais um recurso para barrar a violência contra a mulher. “ A agência abraça há anos essa causa e achamos que era um bom momento de dar visibilidade a esta questão. Com visão privilegiada, a boneca poderia filmar flagrantes durante os blocos. O melhor é que só a presença da Sentinela no desfile já evitou eventuais abusos”, disse Castro.
O secretário de turismo de Olinda, João Luiz da Silva Júnior, ficou tão satisfeito com o resultado que quer transformar a boneca Sentinela em um personagem permanente no Carnaval. “Com certeza a ação foi um sucesso e a Sentinela estará conosco nos próximos anos, assim como o Homem da Meia Noite e a Mulher do Dia”, disse ele, se referindo aos maiores patrimônios do Carnaval de Olinda.
Sylvia Renata Dubeux Agra da Fonte, Diretora Geral dos Disque Denúncia de Pernambuco, avaliou que a presença da boneca também serviu de estímulo para as mulheres vítimas de agressão não se calarem. “Muitas mulheres se sentem constrangidas ou têm medo de denuncia seus agressores. A Sentinela ajudou a mostrar que elas podem contar com o trabalho do Disque Denúncia”, disse ela.
O Disque Denúncia de Pernambuco atua desde o ano 2000 e já recebeu mais de 500 informações sobre diversos casos. As denúncias de violência contra a mulher estão em terceiro lugar na lista de crimes denunciados na região.