Quando uma criança com perda auditiva inicia a vida escolar, muitas dúvidas surgem acerca dos melhores caminhos para tornar a sala de aula um ambiente igualitário, pensando aqui no direito de acesso à comunicação.
Ouvir é habilidade complexa. Quando esse sentido acontece naturalmente, nem ao menos é possível se dar conta do trabalho que o cérebro faz para perceber, entender e utilizar as informações do ambiente em que se está, de quem fala e permitir a elaboração da fala em uma situação rotineira de comunicação. Os ouvidos são as portas para o som, mas é o cérebro quem comanda as operações funcionais para uso dessa informação.
Quando se trata de uma criança com perda auditiva, uma barreira natural interrompe esses processos. Hoje, com avanços importantes das tecnologias para facilitar a audição, é possível garantir que a criança perceba a informação. No entanto, o processamento das informações demanda que atenção total seja dada à qualidade do som que a criança recebe, e, principalmente quando o foco é a a importância da audição para o aprendizado, garantir esse acesso com boa qualidade à fala do(s) professor(es) é fundamental.
Para facilitar essa garantia de igualdade de acesso, algumas dúvidas frequentes de professores e famílias de crianças com perda auditiva foram listadas abaixo.
1. O que é necessário saber sobre o aluno com perda auditiva?
A perda auditiva traz consequências importantes para acesso natural à comunicação e linguagem, e existem diferentes graus e tipos de perda. Isso significa que o efeito da dificuldade em ouvir tem manifestações bastante individuais. Um fonoaudiólogo pode esclarecer as demandas específicas do seu aluno e informar sobre os aspectos de atenção e uso da tecnologia na escola.
Quanto maior o grau da perda auditiva, menor a resolução do som para a criança. As tecnologias auditivas são adaptadas de forma personalizada para prover o melhor acesso ao som, independentemente do grau de perda.
2. Quais são as tecnologias disponíveis hoje no Brasil para facilitar a audição?
Pode ser dividido em três principais grupos: aparelhos auditivos, implantes auditivos e dispositivos auxiliares de escuta.
• Aparelhos auditivos: dispositivo eletrônico que capta e amplifica o som. Utilizado por crianças com perdas auditivas leves, moderadas, severas e profundas. Para crianças, os modelos retroauriculares (atrás da orelha) são utilizados e, junto deles, uma peça especial fica encaixada na orelha para levar o som para o ouvido: o molde. Para diminuir o estigma, empresas especializadas desenvolvem aparelhos específicos para criança. “Eles são coloridos, leves, resistentes à água e têm a representatividade incentivada pelos seus mascotes, como é o caso do Léo da Phonak, um leão com seus aparelhos auditivos”, reforça a fonoaudióloga Talita Donini, gerente de produtos estratégicos da Sonova.
• Implantes: o dispositivo se assemelha a um aparelho auditivo externamente, mas trabalha de outra forma para processar o som. Ao invés de entregar a informação amplificada, ele converte o som em impulso elétrico para a cóclea.
• Dispositivos auxiliares de escuta – também chamados de FM ou sistema de microfone sem fio, são tecnologias que devem ser utilizadas junto com o aparelho auditivo ou implante coclear para crianças com perda auditiva. Para crianças que não possuem perda, mas tem dificuldade de ouvir e entender a fala no ruído elas também são adotadas como instrumentos facilitadores do aprendizado.
3. O uso do aparelho auditivo ou do implante coclear já não resolve a dificuldade de ouvir?
Tanto o aparelho quanto o implante fazem o trabalho de “abrir as portas” para o som. No entanto, o sinal de fala tem características bastante delicadas e específicas, e perdem volume conforme a distância aumenta. Frequentemente, a fala acontece em meio ao ruído e principalmente no ambiente da sala de aula, muitas vezes perceber a voz do professor se torna um desafio grande para as crianças que estão mais distantes. Esse desafio é maior para os alunos que possuem perda auditiva.
Desta forma, a indicação ao uso dos sistemas de microfone sem fio (como a tecnologia Roger) é fundamental para que a criança com perda auditiva ou dificuldade de ouvir tenha o mesmo direito de acesso que as crianças com audição normal. Essa tecnologia muda a dinâmica da criança em sala (comportamento, atenção, postura física) e facilita demais a rotina do professor.
4. LIBRAS é a única solução para inclusão?
LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais, como qualquer língua, para que seja um instrumento de inclusão, demanda interlocutores ativos, que façam uso dela. Isso significa que essa é uma solução para inclusão de crianças cujas famílias fazem o uso dessa língua na sua rotina em casa. Para crianças que não tem conhecimento ou fluência nessa língua, essa estratégia não apresenta resultados adequados.
5. Por que usar microfone sem fio se o aluno escuta com o aparelho auditivo/implante coclear?
O microfone sem fio, como Roger, anula as barreiras que o ruído e a distância do professor provocam na percepção da fala pelo aluno que depende de um aparelho ou implante para ouvir o som. É um dispositivo que garante acesso à comunicação para aprendizado. Independente do grau de perda, se ela ocorre em uma orelha ou nas duas, essa tecnologia transforma a rotina do aluno e professor em sala. O mesmo vale para crianças com alteração no processamento auditivo, déficit de atenção e hiperatividade.
Com uso das máscaras de proteção na atual pandemia, a fala é distorcida e tem o volume diminuído. O Sistema Roger atenua os prejuízos desse efeito. Esse sistema também pode ser conectado ao computador ou tablet para ensino remoto
Essas e outras informações podem ser acessadas num Blog dedicado a pais e professores de criança com perda auditiva, o Phonak Kids.
Website: https://phonakkids.com.br/