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Superação: Maicon vai de ex-garçom e pedreiro ao bronze inédito no taekwondo do Rio-2016

por Agência Canal Veiculação

Faltavam 5s para o fim. O placar estava empatado. Mas um chute colocou Maicon Siqueira na história. E começou uma festa sem fim, com direito a bandeira do Brasil e volta olímpica ao som do “Tema da Vitória”, música que acompanhou os triunfos de Ayrton Senna.

Aos 18 anos, ele trabalhava como pedreiro e garçom para ajudar no sustento de sua família. Aos 23, ele se tornou medalhista olímpico. Em 5s, Maicon Siqueira cravou seu nome na história do esporte nacional ao conquistar, na noite deste sábado, a inédita medalha de bronze na categoria acima de 80kg no taekwondo dos Jogos do Rio-2016.

Pode se dizer que Maicon é uma espécie de “herói improvável” na Olimpíada. O nome do mineiro de Justinópolis não era cogitado ao pódio em nenhuma das previsões de medalhas, das mais otimistas às mais pessimistas, passando pelas de caráter oficial, como a do COB (Comitê Olímpico Brasileiro).

Os dois empregos faziam com que Maicon tivesse apenas um dia da semana para se dedicar ao taekwondo. Os anos foram passando, a situação financeira foi melhorando, e ele pôde, enfim, colocar o esporte em primeiro lugar. Deu resultado. E que resultado.

A medalha é um feito inédito no taekwondo masculino e iguala o melhor resultado da modalidade nos Jogos. Antes de Maicon, Diogo Silva tinha conseguido dois quartos lugares, em Atenas-2004 e Londres-2012. Agora, o mineiro de Justinópolis está no mesmo patamar de Natalia Falavigna, dona da até então única medalha brasileira na modalidade, com o bronze em Pequim-2008.

O caminho para o bronze inédito

Uma vitória emocionante. Foi assim a primeira luta de Maicon no último dia do taekwondo no Rio-2016. A vitória sobre o americano Stephen Lambdin veio com uma virada a 6s do fim. Em seguida, nas quartas de final, ele acabou superado pelo “azarão” Abdoulrazak Issoufou Alfaga, de Níger.

No entanto, ainda havia esperança. Um atleta derrotado tem chance de ir para a repescagem e brigar pelo bronze caso seu algoz avance à decisão. Parecia improvável, mas o “milagre” aconteceu.

Alfaga, representante do país mais pobre do mundo e com uma história de vida digna de roteiro de cinema, foi responsável pela grande zebra do dia, ao despachar o uzbeque Dmitriy Shokin, número 1 na chave a atual campeão mundial. Maicon voltava a sonhar com o pódio.

Para isso, eram necessárias duas vitórias. O veterano francês M’bar N’Diaye, de 33 anos, ficou no caminho na repescagem. Veio, então, a disputa pelo terceiro lugar.

O primeiro round foi marcado pelo barulho da torcida, mas o placar se manteve zerado. Com um chute na cabeça, o britânico abriu 3 a 0, mas Maicon reagiu em seguida, 3 a 1. O terceiro round foi eletrizante, com o brasileiro virando para 4 a 3 e incendiando a Arena Carioca 3. Cho chegou a empatar, mas a 5s do fim, marcou o ponto da vitória e do bronze histórico.

A torcida explodiu na Arena Carioca 3. Maicon foi para a galera e, com a bandeira do Brasil nas costas, deu a volta olímpica ao som do “Tema da Vitória”. Um final apoteótico para a última noite de disputas do Rio-2016.

Fonte: MSN/ESPN/REUTERS/Issei Kato

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