Dentre as inovações e transformações sociais que vieram à tona, no Brasil e no mundo, por ocasião da pandemia de Covid-19, o mercado imobiliário viveu uma digitalização acelerada. Segundo uma pesquisa divulgada pela Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) no final de novembro de 2021, 6% das compras de imóveis realizadas em um período de 12 meses foram realizadas pela internet.
O balanço também mostra que a maioria dos consumidores (52%) adquirem imóveis por meio de imobiliárias e somente 14% negociam com os proprietários sem intermediários. Consequência disso, o número de corretores de imóveis aumentou cerca de 11% ao longo da crise sanitária, passando de 390 mil profissionais no início de 2020 para 430 mil, segundo o Cofeci (Conselho Federal de Corretores de Imóveis).
De acordo com Ary Gustavo de Lima Ribeiro, diretor de operações da Casas de Lisboa – startup portuguesa que atua com venda de imóveis e serviços de marketing digital -, o cenário do mercado imobiliário português segue um caminho semelhante ao vivenciado deste lado do Atlântico.
“Em resposta a este fator [digitalização no setor imobiliário], criamos a Casas de Lisboa em 2020 a partir de uma necessidade percebida com a pandemia, quando a relação do consumidor com o setor imobiliário foi alterada em função de restrições nas visitas e reuniões em imobiliárias físicas”, afirma Ribeiro.
“A adoção maciça de novas tecnologias ofereceu tanto benefícios para clientes, como também otimizou o trabalho dos consultores imobiliários, permitindo a execução de muitas tarefas pela internet, como o processo de captação de novos clientes”, acrescenta.
Com a consolidação dos atendimentos remotos, prossegue Ribeiro, o exercício da atividade imobiliária, por meio da comunicação virtual – através de videochamadas – possibilitou a criação das agências imobiliárias digitais, que reduzem o contato físico entre clientes e consultores e dispensam os deslocamentos.
“Graças à revolução tecnológica, hoje é possível conversar com um consultor especializado à distância, bem como fazer visitas virtuais em detalhes de qualquer lugar do mundo. Atualmente, 98% dos potenciais compradores de imóvel começam sua jornada pela internet e nosso trabalho é conectar esses potenciais compradores a vendedores”, afirma.
Segundo o diretor de operações da Casas de Lisboa, as empresas do ramo não devem medir esforços para conectar compradores e vendedores. “Uma boa estrutura de marketing e vendas permite uma grande economia de tempo e dinheiro”, reporta.
Ribeiro destaca que o marketing digital praticado pela empresa possui uma forte ligação com a performance e vendas. “Buscamos nos especializar em estratégias de atração de leads e em conversão, o que nos permite ser muito eficazes na venda de imóveis para os clientes certos”. Ele também conta que a empresa se vale do marketing digital para atingir seu público-alvo de brasileiros.
“Começamos nosso negócio focando no público brasileiro, pois percebemos um interesse crescente desse perfil em morar em Portugal por conta das instabilidades políticas e insegurança do Brasil”, afirma ele. “Através do uso intenso de tecnologia e estratégias de automação em marketing digital, conseguimos reduzir a quantidade de consultores imobiliários em nossa equipe aumentando nossa lucratividade e faturamento”, detalha.
Segundo levantamento do Ministério da Justiça de Portugal, a soma de brasileiros que requerem a cidadania portuguesa vem em uma crescente desde 2017 e chegou a um crescimento de 141% entre 2010 e 2020. De acordo com os dados, a soma de pedidos passou de 24 mil para 58 mil. Em 2020, foram feitos 14 mil pedidos a mais do que em 2019, pré-pandemia.
Em 2020, o número de brasileiros vivendo em Portugal bateu recorde, com 183.993 pessoas, segundo informações oficiais do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras).
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