Um alerta para quem compra produto usado na internet: ele pode ser roubado. O Jornal Hoje localizou celular, relógio de luxo e tablet sendo negociados em sites de compras.
Polícia investiga venda de produtos roubados em sites de compra
Quem compra produto roubado pode responder pelo crime de receptação.
OAB diz que o site de vendas tem responsabilidade na negociação.
O publicitário Anuar Tacah Filho desembarcou no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e pegou um táxi. Já perto de casa, o táxi foi cercado por um ladrão armado numa moto. O bandido levou a mochila com o relógio e o tablet do publicitário. Dois meses depois, o aparelho foi oferecido num site de compras. A pessoa que comprou disse que pagou R$ 500.
“Se quiser de volta tem que me devolver os R$ 500. Só que assim um aparelho que custa R$ 2 mil a pessoa pagou R$ 500. Então a pessoa sabe já”, fala o publicitário.
O comprador tem a troca de mensagens com o homem que vendeu o tablet. Ele marcou o horário e pediu certeza do encontro porque estava precisando de dinheiro.
O caso do publicitário está sendo investigado na delegacia de atendimento ao turista do Aeroporto de Congonhas. Os policiais querem saber se há uma quadrilha especializada em roubar os passageiros e vender os produtos roubados nos sites de compras.
Um relógio de luxo que está sendo oferecido por R$ 15 mil num dos sites pode ter sido roubado de um passageiro. A vítima disse à polícia que o relógio é dele e foi levado por um ladrão numa moto.
“Quando esses objetos são colocados ou expostos à venda, a gente tem acesso público. Então esses acessos nos revelam de quem que é o objetivo”, diz o delegado Evandro Lemos.
A polícia está investigando outros casos de produtos que foram roubados e estão sendo vendidos na internet. Um casal escolheu um celular usado e foi ao encontro do vendedor para pegar o aparelho.
“O celular estava desbloqueado, funcionando, com nome dele, foto dele. O cara me disse que faz faculdade estava no quarto semestre”, fala o analista de marketing, Arthur Catoira.
O casal não percebeu que estava sendo vítima de um golpe. O bandido aproveitou um descuido e trocou o celular por um aparelho roubado. “Ele me deu um telefone exatamente igual, que era roubado, mas eu só fui descobrir depois”, conta Arthur.
As páginas de anúncio na internet alegam que sempre orientam os consumidores a pedir o recibo de compra e a nota fiscal do produto. Uma empresa que tem nove milhões de anúncios diz que não se sente obrigada a garantir a segurança.
“A gente não consegue ter essa obrigação porque a gente oferece a plataforma para que os usuários troquem informações dentro da plataforma, anunciem seus produtos, mas a negociação é fora da plataforma”, explica a gerente de marketing, Graziela Carmezini.
A OAB discorda e diz que o site de vendas é um prestador de serviço e tem responsabilidade na negociação.
“O site empresta a reputação que ele tem para aquele o vendedor. É por isso que o site tem que ter um controle rígido de quem está vendendo”, fala o presidente da comissão de defesa do consumidor da OAB-SP, Marco Antônio Araújo Júnior.
Pelo menos a história dos namorados teve um final feliz. Eles devolveram o aparelho para a dona, que ficou tão grata que fez uma vaquinha com os amigos para dar um celular novo para o casal.
“Acho que as pessoas se colocaram no lugar dele e vê como ele teve uma atitude boa e merece então, muita gente doou. Foi muito legal”, conta a designer gráfica, Evelyn Leine.
Quem compra produto roubado pode responder pelo crime de receptação.
Fonte por parte do Jornal Hoje para Agenciados