O trabalho como microempreendedor individual, com todas as suas facetas, inclusive o freelance está em ascensão no cenário atual. Segundo dados do Governo Federal, no fim do terceiro quadrimestre de 2020, existiam 11.262.383 MEIs ativos, no Brasil. Agora, eles respondem por 56,7% do total de negócios em atividade.
Porém, de acordo com a pesquisa Sobrevivência de Empresas, três em cada dez MEIs fecham as portas em até cinco anos de atividade no Brasil, o que representa uma taxa de 29%.
Em entrevista, o professor Glauco P. Silva, professor dos cursos de graduação em Gestão da Faculdade Phorte, fala sobre o microempreendedorismo brasileiro e como os empreendedores podem fugir da taxa de fechamento.
Faculdade Phorte: A que fatores você atribui a crescente no número de microempreendedores individuais nos últimos tempos?
Prof. Glauco Silva: São três aspectos relevantes: o primeiro deles é a necessidade de sobrevivência, fomentada pela crise, falta de oportunidade, entre outros. O segundo aspecto, que é bem relevante, é a diminuição de atributos que até então existiam nos trabalhos formais, de carteira assinada, então, contratos intermitentes e outras perdas que aconteceram em relação à reforma trabalhista. E o terceiro é uma mudança cultural, principalmente, entre os mais jovens que não veem mais uma boa carreira como ter um bom emprego, e sim, ter maior autonomia de seu tempo e da gestão dos recursos. Então, seriam esses três aspectos, a necessidade de sobrevivência, a diminuição dos benefícios que até então existiam nos trabalhos formais, e por fim, uma mudança de cultura entre os mais jovens.
FP: Ao passo que há esse aumento nas MEIs, um dado mostra que três em cada dez MEIs encerram as atividades no Brasil. Por que isso acontece?
GS: Sem dúvida alguma é a falta de planejamento, que se deve à falta de informação e de preparo desses empreendedores. O planejamento deficiente, por exemplo, não vai prever a necessidade de um capital de giro para esse início; também não contempla uma gestão efetiva do fluxo de caixa, entre outros.
FP: Como os microempreendedores podem fugir desse dado e conseguir consolidar um negócio?
GS: Por meio da capacitação, com intuito de conhecer o mercado, saber quais são os recursos e as necessidades que vão ser demandas deste mercado, de uma boa gestão de fluxo de caixa e de ter um capital de giro. Seriam os requisitos mínimos necessários para fugir da triste estatística.
FP: Hoje, vemos as redes sociais e o marketing digital como grandes impulsionadores dos microempreendedores. Vale a pena investir em marketing digital e marketing de conteúdo? Por quê?
GS: Sobre o marketing digital e o marketing de conteúdo, vale muito a pena. E porque eles permitem que o negócio seja escalonável, eliminando barreiras e fronteiras, já que o marketing digital consegue alcançar diversos segmentos em diversas partes do globo, e não só no local onde o negócio foi originado. E um dado relevante seria o custo-benefício em relação aos “marketings tradicionais”, em que se requer um investimento grande.
FP: Em quais mídias sociais eles devem estar? Existe alguma mais eficiente para promover um negócio?
GS: A melhor mídia é a que está mais aderente ao público-alvo. Então, o próprio Facebook, citando uma dessas mídias digitais, encontra-se em decadência da procura de determinados públicos, ao passo que mídias como o TikTok estão em ascensão para outros públicos. Dessa forma, dependendo do público, ele pode ter mais facilidade e mais interesse em ver imagens, vídeos curtos e outros associando imagens a vídeos e textos. Eu diria que o ideal é focar em uma rede, com maior abrangência, para depois expandir para as demais, uma vez que o ideal é alcançar o maior público possível.
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