A pandemia causada pela Covid-19 impôs desafios não só do ponto de vista sanitário, mas também na maneira como as pessoas se relacionam com diversos serviços do dia a dia. E alguns dos mais impactados foram os financeiros. O distanciamento social promoveu um investimento cada vez maior em novas tecnologias que possibilitam uma integração online crescente entre instituição financeira e seus clientes.
Neste cenário, os canais digitais ganham ainda mais força. Em 2020, 9 em cada 10 contratações de crédito se deram por meio deles e o mobile se mostra como o canal preferido pelo consumidor de acordo com a Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária 2021. Cerca de R$ 761 milhões foram aportados por meio do mobile banking. Em segundo lugar está o internet banking, que observa de longe com R$ 147 milhões aportados. E em terceiro e quarto lugares estão caixas eletrônicos e agências, com R$ 44 milhões e R$ 34 milhões, respectivamente.
Em comparação com 2019, o uso do mobile banking cresceu 44% e foi o único que apresentou evolução em comparação com os outros métodos. Muito disso se deve ao crescimento de uma tendência que vem dominando o setor: as APIs (Application Programming Interface).
Elas são interfaces que possibilitam que empresas ofereçam mais serviços aos clientes com maior praticidade. Isso significa conectar qualquer empresa ao mercado financeiro incluindo a oferta de crédito ao seu negócio, seja ele físico ou digital. Por meio dessas interfaces, as empresas do segmento podem se conectar com outras para gerar uma oferta ainda maior de serviços disponíveis.
E o crescimento de tecnologias como essa não surpreende. Depois de governos, o setor bancário é o maior investidor em tecnologia no Brasil e no mundo, sendo responsável por 14% do total da composição do orçamento de tecnologia em 2020.
A oferta de crédito se transformou em um serviço?
A resposta é sim. Uma expressão cada vez mais utilizada no mercado financeiro é a do “credit as a service”.
Esse conceito define uma prática implementada por comércios dos mais variados ramos atualmente. Ela ocorre quando uma empresa, de qualquer campo de atuação, oferece um serviço próprio de crédito para o cliente, eliminando a necessidade de o consumidor recorrer a um empréstimo bancário ou algo do tipo para comprar determinado produto.
“O CaaS é algo novo e que foi possibilitado pelo avanço da tecnologia. Se trata de uma revolução silenciosa no mercado financeiro, já que instituições do setor fazem o papel de intermediário entre o cliente e algum tipo de serviço do mercado financeiro e a maior ameaça para grandes conglomerados não são as fintechs, mas sim as grandes redes de varejo ou empresas de tecnologia, que criam em seus portfólios um braço financeiro para gerar vantagem competitiva frente à concorrência e entregar mais valor para o cliente final”, afirma Leonardo Grapeia, diretor executivo da Focus Financeira, empresa especializada em soluções financeiras.
A Focus nasceu em novembro de 2020 com a proposta de ser uma fintech com a robustez de uma instituição financeira regulada pelo Banco Central do Brasil. O caso é algo raro no mercado, mas segue uma tendência de crescimento por ser a base para a digitalização dos negócios. A vantagem está no fato de poder se moldar às necessidades dos parceiros com modelos customizados de esteira de crédito.
Muito disso se deve ao modelo de negócios promovido pelas APIs oferecidas pela Focus. “As APIs são ferramentas que permitem que o Credit as a Service funcione de maneira fluida e com a melhor experiência para o usuário final. São pontos de conexão entre parceiros e as financeiras. Elas são consumidas conforme a necessidade de quem contrata, desde o processo de simulação até o pós-venda”, completa Grapeia.
Na Focus, a partir das APIs é possível aprovar uma operação de crédito em até 0,2 segundos. “Gostamos de dizer que oferecemos o serviço de ponta a ponta, que vai desde a simulação da proposta até a integração bancária. A vantagem é que aquele que contrata o serviço inclui uma nova possibilidade para o usuário final e passa a ter uma nova fonte de receita com o comissionamento das operações originadas ou pelo incremento de vendas financiadas”, finaliza.
O futuro é digital
E o boom da tecnologia no mercado financeiro não deve se limitar apenas ao desafiador cenário pandêmico. O aumento dos investimentos em tecnologia como forma de acompanhar a aceleração da digitalização de seus serviços, em paralelo com o open banking, se tornou uma tendência que deve trazer cada vez mais tecnologias disruptivas para a oferta de crédito.
A expectativa, de acordo com o relatório da FEBRABAN, é que a quantidade de APIs externas cresça com a implementação do open banking. No ecossistema de inovação, os bancos expandem suas parcerias e investem fortemente em experiência do usuário, com mais de R$ 322 milhões estimados de orçamento na área.
“Com a pandemia, todo o mercado financeiro teve que correr com seu processo de digitalização, já que o atendimento presencial não estava mais disponível. Instituições tradicionais adotaram modelos híbridos de olho em uma transformação digital enquanto outras se reposicionaram e desenvolveram novas ferramentas neste sentido. O CaaS é uma tendência cada vez mais forte no mercado e o sistema de APIs veio para ficar”, projeta Grapeia.
A Focus iniciou suas atividades no último trimestre de 2020 e nasceu a partir de um spin-off da Focus Energia, empresa do setor elétrico responsável por um faturamento bilionário em apenas dois anos de existência. Participam do capital da financeira alguns dos principais sócios da Focus Energia como pessoa física. As duas empresas, no entanto, operam de maneira independente com executivos próprios. Atualmente, a meta da Focus Financeira é fechar o ano de 2021 – o primeiro ano de operação – com mais de 30 mil clientes ativos e uma carteira maior que R$ 80 milhões em operações de crédito pessoal.
Website: https://www.focusfinanceira.com.br