A carreira de tecnologia teve um grande desempenho no ano de 2020 e a expectativa é que esse crescimento continue no próximo ano. 60% das pessoas executivas entrevistadas para o Guia Salarial realizado pela Robert Half indicaram que a quarentena estimulou o processo de transformação digital das empresas.
A expansão desse setor gerou uma alta procura por pessoas que trabalham com dados. Para Simone Lima, diretora de pessoas na empresa de tecnologia Acesso Digital, as oportunidades de carreira nessa área tendem a continuar em ascensão: “penso que todas as empresas enfrentam um grande desafio de encontrar profissionais com qualificação. Cada vez mais profissionais de segurança da informação que trabalham com a segurança de dados têm procura no mercado. Por conta da pandemia, estamos fazendo mais transações on-line e, consequentemente, o número de dados aumentou.”
A diretora acredita que a demanda por profissionais que tenham experiência com dados já vinha crescendo antes mesmo da pandemia. “Há alguns anos vemos cientistas de dados tendo bastante procura. Essas pessoas apresentam um perfil capaz de tirar insights e fazer análises. Além disso, a procura por pessoas que saibam trabalhar com dados em nuvem tem crescido bastante também”, afirma ela.
O Guia da Robert Half aponta cinco posições da área que estarão em alta em 2021: especialista em segurança da informação, especialista de business intelligence, especialista em infraestrutura, pessoa engenheira de dados, pessoa desenvolvedora/engenheira de softwares . Essa demanda representa uma grande oportunidade de carreira àquelas pessoas que estão em busca de um emprego.
Natacsha Ordones, coordenadora de desenvolvimento da Méliuz, compartilha da visão de Simone. Para ela, há um déficit de pessoas com experiência no mercado: “é uma característica comum das empresas de TI ter dificuldade em encontrar pessoas seniores, com bastante tempo de carreira e experiência; e, também, pessoas que tenham skills em novas tecnologias, já que a segurança da informação também é algo muito relevante”.
A falta de profissionais na área afeta tanto o desempenho das empresas de tecnologia, quanto a agilidade na entrega de seus serviços. “Por falta de mão de obra e pessoas qualificadas, a empresa perde oportunidades de negócio. Nós vemos isso na velocidade em que atendemos a demanda do cliente. Por falta de pessoas, acabamos fazendo entregas em um tempo maior do que o desejado. Pode acontecer também de ter pessoas sobrecarregadas, uma vez que o time não tem braços o suficiente para realizar as tarefas”, diz Simone.
Ainda sobre o déficit de pessoas profissionais qualificadas no mercado, uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) indica que, em 2024, vão haver 290 mil vagas não preenchidas no setor de TI .
A falta de pessoas profissionais qualificadas afeta também a capacidade de inovação da empresa. É o que afirma Leandro Diniz, front end lead na Acesso Digital: “no dia a dia da tecnologia nós temos muita demanda de clientes. Como já temos os produtos rodando no mercado, queremos inovar e implementar melhorias. No entanto, acabamos perdendo velocidade, muito por conta de termos que redistribuir o time para tentar atender os dois lados, tanto a parte de demandas de clientes, quanto a parte de inovação dos produtos”.
Outro ponto importante são as habilidades comportamentais , muito valorizadas em empresas como a Acesso Digital. Apesar do cenário na área de tecnologia ser favorável àquelas pessoas que querem ingressar no mercado de trabalho e estão em busca de oportunidades de carreira, é indispensável que essa pessoa profissional atenda aos requisitos das empresas contratantes.
“Toda área de tecnologia exige muito o conhecimento técnico. Mas, a parte comportamental tem sido algo muito importante. Valorizamos trazer pessoas muito alinhadas à nossa cultura de inovação, que é algo que buscamos nos profissionais. Saber trabalhar em grupo e de forma colaborativa são características que valorizamos muito. Muitas vezes a pessoa tem trajetória e experiência profissional, mas acaba sendo barrada por conta dessas habilidades interpessoais”, revela a diretora.
Um levantamento realizado pelo Fórum Econômico Mundial indica que, até 2025, as habilidades valorizadas vão sofrer alterações. A pesquisa divulgada em outubro deste ano destaca 10 habilidades que serão as principais a serem desenvolvidas. Dentre elas estão: pensamento analítico e inovação; autonomia tecnológica; habilidade tecnológica; resiliência, gestão de estresse e flexibilidade .
Essas habilidades estão diretamente ligadas à área de tecnologia e têm sido pontos importantes avaliados pelas empresas na hora da contratação. “As pessoas precisam estar alinhadas a nossa cultura. Às vezes a pessoa não está alinhada, mas isso não quer dizer que haja um problema nas suas habilidades”, afirma Natacsha. A coordenadora ainda adiciona: “a empresa tem que estar alinhada com os seus desejos, porque isso está muito ligado com o seu desempenho naquele trabalho. Procurar algo com que você tenha afinidade deixa tudo mais fácil”.
Ainda assim, o grande conselho da especialista indica às pessoas profissionais que busquem conhecer todas as possibilidades da área de interesse e, em seguida, analisem qual delas melhor se encaixa com o perfil pessoal: “é importante focar em qual segmento quer atuar. A partir disso, você consegue fazer uma trilha daquilo que precisa buscar, o que é tendência no mercado, os mecanismos e linguagens que estão sendo utilizadas nas empresas. Depois, é preciso buscar formas de se aprofundar nesses conhecimentos por meio de cursos on-line e, até mesmo, lives, por exemplo”.
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