E se, daqui a poucos anos, conseguíssemos reduzir os riscos de crises energéticas e ainda pagar até um terço do valor atual da conta de luz? Esse é o principal argumento que fez com que o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) publicasse as novas regras para a classificação de eficiência energética de refrigeradores no início de agosto. Baseada nas diretrizes estipuladas pela Organização das Nações Unidas (ONU), a nova regulação trará uma economia de R$ 32,5 bilhões até 2035, segundo dados do Instituto, e será implementada em três fases.
A primeira, que começa em julho de 2022, altera a etiquetagem das geladeiras, classificadas a partir de então em A+++ (eficiência de até 30% em relação ao atual A), A++ (20%) e A+ (10%). Na segunda fase, válida a partir de dezembro de 2025, as subclasses deixam de existir e a classificação “A” passa a ser definida com base nas recomendações da ONU, obrigando os produtos a apresentarem uma redução de 40% do consumo para manter o selo “A”. Na terceira e última fase, com prazo para dezembro de 2030, essa redução é ainda maior: 61% em relação à melhor classificação que existe hoje.
Os números e datas de todo o processo de atualização do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) podem confundir e até se alterar ao longo do caminho, mas fato é que essa corrida já começou – e, nas maiores e mais modernas indústrias do planeta, ela começou faz tempo. Essas companhias são responsáveis por oferecer produtos não apenas inovadores e que satisfazem o consumidor, mas que sejam socialmente, ambientalmente e, claro, economicamente viáveis no médio e longo prazos. De nada adianta desenvolver produtos avançados e tecnológicos se os clientes ainda precisam se preocupar com quanta energia ele consome.
Seguir padrões internacionais de eficiência energética devidamente testados e avaliados só pode trazer benefícios, mesmo que, para a indústria, isso signifique investimentos contínuos. Em tempos de alta no preço da geração, distribuição e consumo de energia elétrica no país, a medida – corajosa para uns, temerosa para outros – é nada menos do que necessária.